O emprego precário cresce no Brasil
A economia retoma sua dinâmica de produção, comércio e serviços,
com baixas taxas de investimento e com alguma demanda decorrente das
rendas oriundas de transferências viabilizadas pelo governo no bojo da
campanha eleitoral. É impossível a sustentação da atual estratégia para
2023 porque a base do investimento público está nos piores patamares,
porque segue a desindustrialização, porque o rombo fiscal contratado
para o próximo ano é enorme, a inflação segue alta, os preços da energia
e combustíveis foram represados e os salários arrochados.
A
dinâmica presente se expressa no mundo do trabalho em ocupações que
exigem baixa escolaridade. Mais de 31% dos postos de trabalho gerados no
último ano foram para trabalhadores sem instrução ou com menos de 1 ano
de estudo e 14% para quem tinha ensino médio incompleto. Para quem tem
superior completo o aumento das ocupações foi de 3,6%, sendo que a maior
parte para posto de trabalho que não exigiam essa qualificação, como
balconistas, vendedor de loja e vendedores a domicílio.
A
remuneração é impactada pelas altas taxas de inflação sobre salários
que já são muito baixos, pela dificuldade que reposição salarial e a
ausência de uma política de valorização do salário mínimo.
O
solo da economia que gera bons empregos está para ser arado por uma
política econômica e de desenvolvimento produtivo que mobilize, articule
e coordene processos de investimento em infraestrutura, em inovação, em
exportação de manufaturados, em agregação de valor, em incremento da
produtividade e na repartição correta do produto do trabalho de todos.
Uma agenda para 2023!
Clemente Ganz Lúcio é sociólogo, consultor, ex-diretor técnico do DIEESE e assessor das centrais sindicais
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