Aumento dos juros sacrifica quem trabalha para beneficiar banqueiros e rentistas

 

A decisão do Banco Central de elevar a taxa básica de juros, Selic, em 0,5 ponto percentual, a 13,75%, maior patamar desde janeiro de 2017, não chegou a causar maiores surpresas mas despertou indignação no meio sindical e representantes das empresas do setor produtivo.

Em nota, a Confederação Nacional da Indústria afirmou que “o novo aumento da taxa de juros é dispensável para o combate da inflação e trará custos adicionais desnecessários para a atividade econômica, com reflexos negativos sobre consumo, produção e emprego”. Cabe acrescentar que a decisão eleva também os serviços da dívida pública, agravando a crise fiscal e repercutindo no corte dos investimentos públicos.

Agiotagem

Quem vai lucrar com isto são banqueiros e rentistas em geral, que nada produzem mas estão a cada dia mais ricos por via da agiotagem. A inflação no Brasil não tem por fonte um excesso de demanda, conforme se infere da alta taxa de desemprego associada ao arrocho dos salários.

Conforme apontam muitos economistas, a alta dos preços é hoje causada pela instabilidade econômica e geopolítica internacional e a política neoliberal do governo Bolsonaro para os preços administrados, como é o caso da dolarização dos preços de derivados do petróleo adotada pela Petrobras.

Quem mais perde com os juros nas alturas são os trabalhadores e trabalhadoras. De um lado, a recuperação da economia, e com ela do mercado de trabalho, fica uma vez mais comprometida em função da repressão do consumo. De outro cresce o peso das dívidas, a inadimplência e o custo do crédito.

Convém acrescentar que a má notícia anunciada pelo Banco Central na noite de quarta-feira (3) vem num momento de queda da produção industrial e outros sinais negativos para a economia., que requer estímulos em vez de freio. O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp), calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), já diminuiu 0,8 ponto em julho, após três meses seguidos de alta.

Na opinião de Rodolpho Tobler, economista do FGV Ibre, a PEC do Desespero e outras bondades eleitorais podem sustentar um “cenário mais favorável no curto prazo, mas no médio prazo o enfraquecimento da atividade econômica tende a segurar o ritmo de recuperação do mercado de trabalho”. Em outras palavras, a economia vai de mal a pior.

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