OS DESAFIOS DOS SINDICATOS E DOS TRABALHADORES PARA ENFRENTAR A CRISE BRASILEIRA

Fonte:UGT

O 1º Módulo do Curso de Formação Político-sindical da União Geral dos Trabalhadores (UGT), em parceria com o Instituto Solidarity Center (AFL-CIO), para dirigentes sindicais da Região Sudeste, teve início na segunda-feira (16/08). Realizado através da Secretaria de Organização e Formação Político-sindical, o Curso abordou, em seu primeiro dia, o tema “A Crise Política, Econômica, Sanitária e Social no Brasil. Quais as ações dos sindicatos?”

 

Tendo como palestrante o Professor Doutor Dari Krein, do CESIT/UNICAMP, e como moderador, Chiquinho Pereira, Presidente do Sindicato dos Padeiros de São Paulo e Secretário de Organização e Formação Político-sindical da UGT nacional, os mais de 100 sindicalistas participantes tiveram a oportunidade de conhecer e debater as mais variadas propostas do atual governo, as quais têm como objetivo ampliar, ainda mais, os interesses das grandes empresas, do mercado e do sistema financeiro, o que tem causado grandes prejuízos à vida dos trabalhadores e da maioria da população.

 

Na opinião de Ricardo Patah, presidente da UGT, o cenário nacional é de extrema gravidade, pois, além do desmonte do Estado enquanto provedor de políticas públicas sociais, dos ataques aos direitos trabalhistas e das constantes ameaças à democracia, o governo Bolsonaro insiste em negar a pandemia, o que já levou quase 600 mil brasileiros à morte. Neste sentido, é fundamental que os sindicatos se sensibilizem, organizem os trabalhadores nas suas bases para debater, com maior profundidade, a grave situação do país e formular a luta política necessária para sairmos dessa situação.

 

Patah ressaltou que a UGT, com a parceria do Solidarity Center, tem realizado, há mais de três anos, inúmeros Projetos de Seminários e Cursos de Formação para dirigentes e trabalhadores de todo Brasil. Gustavo Garcia, Oficial de Programa do Solidarity Center para o Brasil e América Latina, disse que a parceria com a UGT tem sido vitoriosa em seu objetivo de contribuir para o fortalecimento dos sindicatos em suas bases, ampliar o número de filiados e reforçar as lutas das trabalhadoras e trabalhadores brasileiros, por uma vida digna.

 

A existência de uma situação desfavorável ao trabalho!

 

Em sua palestra, o professor Dari Krein, aponta que a política neoliberal e as ideias conservadoras do Governo Bolsonaro, aliada a uma economia política em dificuldades, a globalização financeira, as mudanças tecnológicas, a mundialização do capital e a fragilização dos estados nacionais tem nos levado a uma crise estrutural e, consequentemente, a uma situação desfavorável ao trabalho.

 

Com 14,4% da população desempregada, 32,6 milhões de trabalhadores na informalidade ou subutilizados, 7 milhões de desalentados (pessoas que deixaram de procurar trabalho) e cerca de 15% da população vivendo na mais absoluta insegurança alimentar, o governo apresenta soluções absurdas: uma economia regulada pelo mercado; joga, nas costas das pessoas, a responsabilidade de estarem desempregadas; incentiva o  “empreendedorismo” e a “empregabilidade”; executa “Reformas Trabalhistas” que retiram direitos e fragilizam as relações de trabalho; acaba com o sistema de proteção social; apresenta como saída ao desemprego e à situação de miserabilidade o auxílio emergencial aos mais pobres, sem trabalho; e promove a exclusão dos sindicatos da vida democrática do país.

 

Portanto, o cenário aponta para a necessidade das entidades sindicais ampliarem suas políticas de atuação, envolvendo, cada vez mais, os trabalhadores na vida sindical e política, pois, só desta forma será possível encontrar saídas coletivas, e derrotar os inúmeros Projetos de Leis que estão no Congresso Nacional, nocivos aos trabalhadores e ao povo. Caso contrário, vamos amargar dificuldades imensuráveis.

 

Em sua intervenção, Chiquinho Pereira, reforçou a opinião do professor Dari, quando ele disse ser essencial o envolvimento dos sindicatos e dos trabalhadores, em conjunto com a sociedade, nas lutas em defesa das proteções sociais; dos “Trabalhos socialmente relevantes para todas as pessoas”: atividades sociais, ambientais, culturais, lazer, esporte, etc.; Redução da jornada; Renda básica cidadã; Combate de todas as formas de discriminação; Fortalecimento das instituições públicas; Defesa da representação coletiva dos trabalhadores.

 

“Porém, é fundamental que os trabalhadores entendam que é a política e a economia que determinam os rumos das nossas vidas. É preciso conscientizá-los da importância de participar da vida política do país, principalmente nos processos eleitorais, incentivando candidaturas de trabalhadores e trabalhadoras, de democratas e de setores da sociedade comprometidos com o desenvolvimento sustentável, com o emprego, com o papel social do Estado, com a democracia e com a vida.” Finalizou Chiquinho Pereira.

 

 

Professor Dari Klein, do CESIT/Unicamp

Chiquinho, presidente do Sindicato dos Padeiros de São Paulo e secretário

nacional de Organização e Políticas Sindicais da União Geral dos Trabalhadores (UGT)


Suely Torres

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