Sindicalistas do Norte e Centro-Oeste do País Debatem Estratégias para o Período Atual e Pós Pandemia
No último dia do 1º Módulo do Curso de Formação Político-sindical, realizado pela União Geral dos Trabalhadores (UGT) e Solidarity Center, os sindicalistas debateram os Temas: “Ativismo Sindical Digital: WhatsApp”, palestra de João Andrade, da Comunicação & Marketing Sindical e Político; “Ações Político-sindicais e Sociais em tempos de pandemia”, exposição de José Francisco, Presidente da UGT do Pará e “A importância do Planejamento Estratégico das Ações Político-sindicais e Sociais”, palestra do professor Erledes Silveira.
Antes do início das exposições dos temas, o Secretário de Organização e Formação Político-Sindical da UGT Nacional, Chiquinho Pereira, agradeceu a participação de todos e reafirmou a continuidade do Projeto de Formação da UGT em Parceria com o Solidarity Center, no sentido de contribuir para a revitalização da política e da organização dos sindicatos, fundamentais para preparar as entidades e os trabalhadores no enfrentamento das maldades do governo e das empresas que, infelizmente, tendem a piorarem nos próximos períodos.
Chiquinho falou, mais uma vez, da urgente necessidade dos trabalhadores se organizarem para participar da política do país, de forma a interferir nesse processo, pois é preciso construir uma nação democrática e soberana, onde os direitos dos trabalhadores sejam respeitados e preservados. É essencial que os sindicatos se preparem para atuar de forma propositiva e enfrentar o período pós pandemia, onde a economia do país estará mais frágil e com enormes dificuldades.
João Andrade, em sua exposição, reafirma a importância do Ativismo Sindical Digital na atualidade, e ressalta o uso da ferramenta WhatsApp por se tratar da maior rede de conteúdo do mundo. Porém, é preciso tomar todos os cuidados, pois é nessa rede que também circula a maior quantidade de “fakes news” e que, portanto, os ativistas digitais devem adotar maiores critérios.
É fundamental que a entidade sindical tenha uma conta no WhatsApp, porque é o método mais popular de comunicação, usado por uma grande parcela dos trabalhadores e trabalhadoras e contribui para aproximar a base dessas entidades. Além disso, ela é eficiente na distribuição de conteúdos, para realizar os atendimentos à categoria e pode ajudar na sindicalização.
Sobre o WhatsApp Business, João Andrade acredita que é uma excelente opção para os sindicatos, por se tratar de uma ferramenta que permite, por exemplo, que o interlocutor (no caso o trabalhador ou trabalhadora), reconheça a mensagem como sendo do sindicato; criar um breve perfil sobre o papel do sindicato; ter um visual personalizado; a criação de respostas automáticas; notificações de ausência em horários não comerciais, bem como a indicação de horários de retorno de funcionamento, entre outras vantagens.
A criação do Banco de Dados é essencial para uma boa comunicação com as bases, porém, João registra que é imperativo a autorização expressa dos trabalhadores para o uso desses dados, sempre respeitando a Lei Geral de Proteção de Dados do Brasil (Lei 13.709/2018). Essas autorizações podem ser adquiridas durante as assembleias presenciais ou virtuais, em visitas nos locais de trabalho ou através das fichas de sindicalização, por exemplo. Além dessas questões, é importante que o sindicato faça todo esforço para implantar um sistema de filiação eletrônica da categoria, facilitando a participação dos trabalhadores na luta em defesa dos direitos.
Atuação Política dos Sindicatos na Pandemia!
Em sua exposição, José Francisco, presidente estadual da União Geral dos Trabalhadores do Pará (UGT/PA) e também da Federação dos Comerciários do Pará, falou sobre as dificuldades políticas e sindicais enfrentadas no estado nessa pandemia, com o fechamento do funcionamento do comércio em geral, com as demissões de inúmeros trabalhadores e, principalmente, com a suspensão dos contratos, diminuição da jornada e a perda de inúmeros postos de trabalho.
Ele relata que os sindicatos filiados a UGT tiveram que atuar e agir, com firmeza e ousadia, em duas frentes: a jurídica e política, entrando com incontáveis Ações Judiciais para garantir que as empresas aplicassem os protocolos de segurança, como a simples distribuição de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), até o pagamento dos direitos trabalhistas dos funcionários.
Na frente política, os sindicatos buscaram o apoio das autoridades políticas e das organizações civis, realizando ações efetivas para encontrar saídas ao sofrimento desses trabalhadores, como a garantia do recebimento do auxílio emergencial do governo, a distribuição de cestas básicas e dos itens de higiene pessoal. “O fato de não termos fechado as portas e termos participado de todo esse processo, garantindo, inclusive, a nossa presença no Comitê de Protocolos da Pandemia, junto ao governo do estado e prefeitura de Belém, foi o que permitiu, do ponto de vista político, garantir os direitos de muitos trabalhadores aqui no Pará”, salientou José Francisco.
Planejar para Organizar a Luta dos Trabalhadores
“Toda ação, por menor que seja, deve ser planejada”, afirma o professor Erledes da Silveira, Coordenador Executivo da Secretaria de Organização e Formação Político-sindical da UGT Nacional, em sua palestra. O objetivo do tema é refletir sobre a importância do sindicato de planejar suas ações político-sindicais; de discutir as linhas básicas do Planejamento Estratégico para a gestão da entidade; diagnosticar a situação em que se encontra o Movimento Sindical, definir as ações políticas, sindicais e sociais, e apontar caminhos para colocar em prática essas ações, essenciais para o fortalecimento da luta dos trabalhadores.
O professor alerta que sem um planejamento estratégico de suas ações políticas, sindicais e sociais, fica muito difícil para a Entidade Sindical cumprir com os compromissos assumidos com a classe trabalhadora.
Mas, o que é Planejamento Estratégico? É um modelo de decisão, unificado e integrado, que determina e revela o propósito organizacional em termos de valores, missão, objetivos, estratégias, metas e ações, com foco em priorizar a alocação de recursos. Ele delimita os domínios de atuação da Instituição; descreve as condições internas de resposta ao ambiente externo e a forma de modificá-las, com vistas ao fortalecimento da Instituição; Engaja todos os níveis da Instituição para a consecução dos fins maiores, tanto do ponto de vista da classe trabalhadora como da sociedade em geral. No caso específico da entidade sindical, planeja sua ação para defender direitos e alcançar novas conquistas para os(as) trabalhadores(as).
A entidade sindical de luta desenvolve seu planejamento estratégico pautando suas ações em quatro grandes pilares: Político, Social, Econômico e Institucional. Para isso, é fundamental analisar os fatores externos e internos, ou seja, a realidade em que vive e atinge a categoria e os elementos determinados pela conjuntura política, econômica e social do país naquele período histórico e, sempre que necessário, fazer adaptações na tática, fundamentais para atingir os objetivos propostos no planejamento.
Erledes reafirma o planejamento como essencial ao funcionamento da entidade de classe, que tem como objetivo defender os direitos dos trabalhadores para que eles e suas famílias tenham uma vida digna, caso contrário, a entidade, além de não cumprir o seu papel, ficará perdida como Alice no País das Maravilhas (Lewis Carrol):
Pode dizer-me que caminho devo tomar?
- Isto depende do lugar para onde você quer ir.
(Respondeu com muito propósito o gato)
- Não tenho destino certo.
- Neste caso qualquer caminho serve.
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