O comércio não é o vilão da pandemia
Já estamos entrando no quinto mês de incertezas e inseguranças de uma pandemia, agravada por uma série de medidas ineficazes da Prefeitura que, ao invés de ter concentrado os esforços em combater a aglomeração de pessoas nos locais públicos e promover a conscientização desde o início, elegeu apenas o comércio como o foco do problema.
Resultado? Um abre e fecha que tem gerado um alto índice de
demissões e um esforço redobrado do sindicato para garantir os postos de
trabalho através de acordos com a classe patronal. Além disso, os
trabalhadores dos estabelecimentos considerados serviços essenciais e
que hoje ainda operam em Porto Alegre, estão cada vez mais expostos ao
risco de contaminação, uma vez que, desacreditada da gravidade da
situação, a população não segue a risca o distanciamento social.
No último domingo os empresários já se mobilizaram pedindo ao
Prefeito o retorno das atividades e, na iminência da reabertura total do
comércio; apesar de novamente o Sindec, representante legítimo dos
trabalhadores; não ter sido incluído nos debates, não podemos ficar
calados. Nos últimos meses, nosso setor de Fiscalização de Segurança e
Medicina tem trabalhado muito averiguando diversas denúncias de empresas
que não cumprem os procedimentos de saúde e segurança. Semana passada,
por exemplo, o alvo da fiscalização foi uma rede de supermercados na
Zona Norte, com vários trabalhadores afastados com coronavírus e
diversas falhas no cumprimento dos protocolos de segurança.
Diante desses fatos nos perguntamos: é nesse cenário que as
atividades devem retornar? Sabemos o impacto financeiro que a pandemia
está causando, contudo, não podemos esquecer que, cada vez que o
comércio abrir e não houverem os devidos cuidados, mais pessoas serão
contaminadas, mais leitos de UTI serão ocupados e entramos mais uma vez
num loop que parece ser infinito.
Se realmente o Prefeito ceder à classe patronal e decidir pela
reabertura total do comércio, o sindicato exige que sejam fornecidos
testes rápidos aos trabalhadores, garantindo a sua proteção e das suas
famílias, além de que as empresas sigam todos os protocolos de segurança
e uma intensa fiscalização da Prefeitura, sem vistas grossas, para que
cumpram com todos os procedimentos.
Nós continuaremos fazendo a nossa parte, zelando pela saúde e pelos
empregos da categoria comerciária, e esperamos que o poder público
também faça o que lhe cabe, para que o quanto antes possamos superar
essa fase.
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