Desemprego atinge 11,9 milhões e taxa fica em 11,2% em janeiro, diz IBGE

Resultado é menor do que os 11,6% do trimestre encerrado em outubro

A taxa de desemprego iniciou 2020 mantendo tendência de queda. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil tinha 11,2% de desempregados no trimestre encerrado em janeiro, contra 11,6% nos três meses até outubro. 

A queda, porém, foi impulsionada pela redução no número de pessoas procurando emprego no país e ainda traz efeitos das contratações temporárias nos últimos dois meses de 2019, disse nesta sexta (28) a analista do IBGE Adriana Beringuy. 

A taxa de desemprego ficou um pouco abaixo das previsões de mercado. Analistas ouvidos pela Bloomberg estimavam taxa de 11,3%. No trimestre encerrado em janeiro, segundo o IBGE, 11,9 milhões de brasileiros procuravam emprego no Brasil, um redução de 453 mil em relação ao trimestre encerrado em outubro.

O número de pessoas consideradas fora da força de trabalho —aqueles que não têm interesse em buscar emprego— subiu 1,3%, ou 873 mil pessoas, e atingiu novo recorde de 65,7 milhões de pessoas. "A menor procura por trabalho em janeiro foi definitiva para a redução da taxa [de desemprego]", afirmou Beringuy.

Ela diz que é um movimento normal em janeiro, mês de férias escolares, mas que o movimento percebido este ano foi mais o intenso da série histórica iniciada em 2012. O indicador reúne pessoas que não tiveram interesse em buscar trabalho no período da entrevista.

Os dados divulgados pelo IBGE reforçaram tendência de melhora no contingente de trabalhadores formais, com alta de 1,5% entre os empregados do setor privado com carteira de trabalho, e de 5,2% nos trabalhadores por conta própria com CNPJ.

Foi o primeiro aumento no contingente de trabalhadores com carteira assinada em um trimestre encerrado em janeiro desde 2014. 

O indicador, porém, ainda pega efeitos de contratações temporárias para o Natal, já que inclui os dois últimos meses de 2019. A melhora na formalização já havia sido captada também na pesquisa do trimestre encerrado em dezembro, quando a taxa de desemprego ficou em 11%.

"O resultado está muito influenciado pelo aumento da carteira assinada em novembro e dezembro", disse Beringuy. "Então, não podemos ainda afirmar que o ano de 2020 inicia-se com sustentabilidade da carteira. A gente está vivendo um momento de indefinição." 

Na comparação com o trimestre anterior, houve crescimento no número de trabalhadores do setor privado com carteira assinada (504 mil pessoas) e de trabalhadores por conta própria com CNPJ (258 mil pessoas).

Os dados do Caged (Cadastro Geral do Emprego e Desemprego), principal indicador do governo sobre a abertura e fechamento de vagas com carteira assinada, só serão divulgados em março, já que o sistema de coleta de dados está sendo transferido para o novo eSocial.

No trimestre encerrado em janeiro, disse o IBGE, a taxa de informalidade caiu para 40,7% da população ocupada, ante 41,2% do trimestre móvel anterior. Ao todo, 38,3 milhões de pessoas no país tiraram seu sustento em ocupações informais.

Houve queda em praticamente todos os setores considerados informais, com destaque para trabalhadores do setor privado sem carteira assinada (queda de 1,5% ou 179 mil pessoas) e trabalhador familiar auxiliar (-6,2%, ou 130 mil pessoas).

A redução da informalidade e o aumento no número de trabalhadores com carteira assinada melhorou o indicador de contribuição para a Previdência, que chegou a 63,1% da população ocupada no trimestre encerrado em janeiro.

A taxa de subutilização da força de trabalho também recuou, chegando a 23,2%, 0,6 pontos percentuais a menos do que o registrado no trimestre encerrado em outubro. O indicador inclui as pessoas que estão procurando emprego, as que gostariam de trabalhar mas desistiram de procurar emprego e aquelas que trabalham menos do que gostariam.

O rendimento médio do trabalhador brasileiro ficou em R$ 2.361, estável em relação aos R$ 2.317 do trimestre encerrado em outubro, segundo o IBGE. 

Beringuy disse que ainda é cedo para avaliar se a situação do mercado de trabalho vai melhorar em 2020, já que a taxa de janeiro tem efeitos do fim de 2019. "A gente entra em 2020 com um janeiro muito influenciado pelo fim de 2019", afirmou. 

Ela explicou, por exemplo, que não é possível prever se as pessoas que saíram da força de trabalho vão se manter nessas condições ou voltarão a procurar trabalho durante o ano. "Tem um efeito sazonal que compromete qualquer análise", reforçou.

Fonte: Folha de SP

Comentários

Postagens mais visitadas