SE VIRE QUE O PROBLEMA É SEU - SERÁ?
Sergio Ferreira Pantaleão
Muito
se fala do trabalho em equipe, pois o processo organizado do trabalho
com a finalidade de um objetivo comum exige, além da competência
individual, a reunião de indivíduos e consequentemente a soma destas
competências na busca de uma mesma meta, qual seja a excelência dos
produtos e serviços prestados e a satisfação dos clientes da empresa.
O
trabalho em equipe extrapola o limite de um setor, de um departamento
ou de uma unidade da empresa, representa a união de pessoas que atuam no
cumprimento de metas específicas para um objetivo comum, o lucro, e
consequentemente o crescimento da organização e de seus profissionais.
Analogicamente
podemos considerar os setores de uma empresa como os membros do nosso
corpo. Ainda que pareça insignificante, a "meta" de caminhar exige um
trabalho em equipe de cada um de nossos membros.
Para
mantermos o equilíbrio e podermos caminhar, há uma relação íntima dos
olhos que nos aponta a direção, o labirinto que permite determinar a posição da cabeça em relação à força gravitacional, a mente que distribui os comandos para
tronco, as pernas e os braços a fim de que estes, simultaneamente,
possam agir cíclica e coordenadamente de forma que possamos nos mover e
mantermos equilibrados ao mesmo tempo.
Se
a mente envia o comando para uma das pernas e tronco se deslocarem para
frente e a outra perna não se mover, é claro que a meta de caminhar não
será atingida, já que mantendo a outra perna inerte, nosso corpo será
arremessado ao chão. Parece simples, mas é um retrato do trabalho em
equipe de cada membro (setor) de uma empresa.
Se
tentarmos, por exemplo, caminhar sobre um muro com os braços colados ao
corpo, aos primeiros passos poderemos nos desequilibrar e cair, ao
passo que se abrirmos os braços, distribuindo o peso na medida necessária
para nos manter eretos, seremos capazes de cruzar o muro e chegar até o
final.
As
metas de determinado setor devem contribuir para que outro setor também
atinja suas metas específicas, contribuindo para que os resultados da
organização como um todo, sejam atingidos. Dizer que o "problema é seu" e
simplesmente ignorar a meta de alguém ou de um setor, pode desencadear
um resultado catastrófico, tanto para o setor quanto para a empresa.
Diferenças
existem desde o nascimento, aliás, irmãos gêmeos possuem personalidades
diferentes, gostos e objetivos diferentes em suas vidas, então não há
como exigir que os profissionais das empresas sejam iguais ou tenham
objetivos profissionais equivalentes. Por certo, são estas diferenças, traduzidas pelas competências individuais, que formam uma organização.
O
trabalho em equipe exige, mas permite ao mesmo tempo, que estas
diversidades sejam canalizadas e maximizadas para um objetivo comum,
respeitando o potencial de cada um e extraindo o melhor de cada
profissional, pois o trabalho em equipe é que proporcionará a superação
de nossos próprios limites.
A
interação entre as equipes potencializa as competências individuais. Se
um é bom em informática, o outro é em elaborar relatórios, um terceiro
em apresentação em público e um quarto em detectar e resolver problemas.
É a soma de cada competência, enquanto trabalho em equipe, que
possibilitará que as metas sejam atingidas.
Olhar
para o próprio "umbigo" e ignorar o problema alheio pode ser perigoso. A
questão não é só dizer "se vire que o problema é seu", o problema é da
equipe, do setor, da empresa e se não for solucionado, poderá afetar
você também. Ainda que um problema pareça estar longe de nos atingir, as
consequências por uma omissão podem refletir negativamente em nossa
vida pessoal ou profissional.
Leia
a estória abaixo e faça uma analogia. Situações como estas podem
mostrar muito para nossa vida e mudar atitudes que, equivocadamente,
pensamos ser corretas. Cada qual é livre para decidir, mas é preciso
sabedoria para compreender se uma simples ratoeira pode ou não nos
"derrubar".
A Ratoeira
Um
rato, olhando pelo buraco na parede, vê o fazendeiro e sua esposa
abrindo um pacote. Pensou logo no tipo de comida que haveria ali.
Ao descobrir que era uma ratoeira ficou aterrorizado. Correu ao pátio da fazenda advertindo a todos:
- Há uma ratoeira na casa, uma ratoeira na casa!
A galinha disse:
- Desculpe-me Sr. Rato, eu entendo que isso seja um grande problema para o senhor, mas não me prejudica em nada, não me incomoda.
O rato foi até o porco e disse. Há uma ratoeira na casa, uma ratoeira!
- Desculpe-me Sr. Rato, disse o porco, mas não há nada que eu possa fazer, a não ser orar. Fique tranquilo que o sr. será lembrado nas minhas orações.
O rato dirigiu-se à vaca. E ela lhe disse:
- O que? Uma ratoeira? Por acaso estou em perigo? Acho que não!
Então
o rato voltou para casa abatido para encarar a ratoeira. Naquela noite
ouviu-se um barulho, como o da ratoeira pegando sua vítima. A mulher do fazendeiro correu para ver o que havia pego.
No escuro, ela não viu que a ratoeira havia pego a cauda de uma cobra venenosa. E a cobra picou a mulher. O fazendeiro a levou imediatamente ao hospital. Ela voltou com febre.
Todo
mundo sabe que para alimentar alguém com febre, nada melhor que uma
canja de galinha. O fazendeiro pegou seu cutelo e foi providenciar o
ingrediente principal.
Como a doença da mulher continuava, os amigos e vizinhos vieram visitá-la. Para alimentá-los, o fazendeiro matou o porco. A mulher não melhorou e acabou morrendo.
Muita gente veio para o funeral. Por fim, o fazendeiro então sacrificou a vaca, para alimentar todo aquele povo.
“Na
próxima vez que você ouvir dizer que alguém está diante de um problema e
acreditar que o problema não lhe diz respeito, lembre-se que quando há
uma ratoeira na casa, toda fazenda corre risco. O problema de um é
problema de todos."
Sergio Ferreira Pantaleão é Advogado, Administrador, responsável técnico pelo Guia Trabalhista e autor de obras na área trabalhista e Previdenciária.
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