Lava Jato desistiu de pedir que Lula pague multa para sair da cadeia
No requerimento em que, no último dia 27, pediu a concessão de prisão semiaberta para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
o Ministério Público Federal abriu mão de uma exigência que fizera em
manifestação anterior ao tratar do caso do petista. No dia 2 de
setembro, os procuradores da força-tarefa da Lava Jato
em Curitiba deixaram explícito que, para ter direito ao benefício, Lula
teria que quitar o pagamento da quantia determinada pelo Superior
Tribunal de Justiça em sua condenação (em valores atualizados, quase 5
milhões de reais). Em documento protocolado na época, o MPF afirmou que a
progressão de regime só seria possível com “a reparação do dano” ou
“devolução do ilícito”.
Na sexta-feira passada, porém, os
procuradores afirmaram à Justiça, que, como se tratava de execução
provisória da pena (Lula não foi condenado em última instância), a
“garantia integral à reparação do dano e à devolução do ilícito
praticado” era suficiente para “autorizar a mudança a regime prisional
mais brando”. Ou seja, o pagamento não precisaria ser feito antes de o
ex-presidente deixar a cela na Polícia Federal. Em casos semelhantes ao
de Lula, a força-tarefa também frisara que o ressarcimento de danos
deveria ocorrer antes da progressão de regime.
Para o advogado Alamiro Velludo Salvador Netto, professor da USP (Universidade de São Paulo) e autor do livro Curso de Execução Penal,
os procuradores passaram a considerar que o bloqueio dos bens do
ex-presidente – já determinado pela Justiça – seria suficiente para
permitir a prisão semiaberta. “Nesta segunda manifestação, o MPF deu uma
interpretação mais abrangente para o conceito de pagamento”, disse.
A
decisão, porém, caberá à juíza Carolina Moura Lebbos, da 12ª Vara
Federal de Curitiba. Em despacho no último dia 23, ela citou que, nos
casos de crimes contra a administração pública, não haveria a
possibilidade de progressão de regime sem o pagamento das obrigações
determinadas pela Justiça. Na segunda-feira 30, além de solicitar à PF a
certidão de conduta de Lula na cadeia, Lebbos determinou que fosse
juntado um “cálculo atualizado de pena”.
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