Centrais se dividem sobre alternativas para reforma sindical
Unânimes na posição contrária a um
modelo de reforma sindical que possibilitaria até 1 sindicato por
empresa, as centrais sindicais estão divididas sobre qual alternativa
defenderão. Força e UGT defendem representatividade mínima dos
sindicatos por categoria, em eventual fim da unicidade sindical. Já CTB,
NCST, CGTB e CSB querem a continuidade do modelo atual, em que é
permitido apenas 1 sindicato por categoria em cada cidade ou região. No
portal Valor Econômico
A proposta de novo órgão bipartite para
regular a estrutura sindical também tem relativo acordo entre as
organizações. Já nas alternativas ao financiamento sindical também há
divergências.
As centrais sindicais iniciaram
discussão com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para chegar
a uma proposta de reforma sindical negociada entre entidades patronais,
de trabalhadores e o Congresso. A intenção é se antecipar à reforma em
elaboração por grupo de trabalho formado pelo secretário especial de
Previdência e Trabalho, Rogério Marinho (PSDB).
A Força Sindical defende que possa
haver mais de 1 sindicato por categoria por região, mas mediante volume
mínimo de representação da categoria, a ser definido. “Deve haver um
prazo de transição entre o modelo atual e o modelo futuro”, diz Miguel
Torres, presidente da Força, acrescentando que essa representação não
seria feita por número de filiados, mas por número de trabalhadores que
aceitarem a representação pelo sindicato nas campanhas salariais.
Ele propõe novo modelo de contribuição
sindical, com adesão voluntária pelos trabalhadores no momento da
campanha salarial. “Uma das propostas é que só tenha direito às
negociações coletivas aquele trabalhador que financiar a campanha
salarial. Quem não contribuir fica sem ser coberto pelas negociações”,
sugere.
Para Torres, a proposta de reforma
sindical em discussão pelo governo, que prevê pulverização da
representação, com a possibilidade de criação de sindicatos por empresa,
com base na Convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho
(OIT), tem como objetivo acabar com o movimento sindical. “Essa proposta
nós não aceitamos.”
Ricardo Patah, presidente da União
Geral dos Trabalhadores (UGT), diz que a central não defende o fim da
unicidade sindical, mas que as discussões tanto no Executivo, quanto no
Congresso, estão tendendo nessa direção. O sindicalista defende então,
nesse contexto, que os sindicatos tenham que ter representatividade
mínima, como 10% da categoria entre seus filiados. Defende também
contribuição negociada em assembleia por categoria e que as conquistas
das negociações coletivas sejam válidas para todos.
“Temos uma reunião quarta-feira (2) na
UGT para definir parâmetros mínimos e, no dia 17, haverá reunião do
Rogério Marinho e o [secretário do Trabalho] Bruno Dalcomo com as
centrais”, antecipa.
A Central dos Trabalhadores e
Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Nova Central Sindical de Trabalhadores
(NCST) e a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), por sua
vez, fecharam posição contrária ao fim da unicidade sindical, diz
Adilson Araújo, presidente da CTB. A Central dos Sindicatos Brasileiros
(CSB) também tem posicionamento público neste mesmo sentido.
“Se houver a possibilidade de
pluralismo, toda vez que houver uma disputa sindical, as correntes
perdedoras se acharão no direito de fundar uma nova entidade. É uma
fragmentação muito forte do movimento sindical”, diz Antonio Neto,
presidente da CSB. “Nos surpreende saber que o governo Bolsonaro está
copiando todas as teses do PT e da CUT, que sempre defenderam a
Convenção 87, o pluralismo sindical e contra a contribuição sindical.”
A Central Única dos Trabalhadores (CUT)
de fato defende historicamente essas posições, mas procurada pelo Valor
disse que não comentaria o assunto.
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