Comerciários da Contracs vencem patrões e assumem sindicato em Alagoas
Chapa CUTista concorreu com grupos que tinham em seus quadros patrões e microempresários
Publicado: 15 Abril, 2019 - 16h20
Escrito por: Luiz Carvalho, da Contracs
Desde a madrugada desta quinta-feira (11), o Sindicato dos Empregados no Comércio do Estado de Alagoas (Secea) está sob nova direção. A Chapa 1, apoiada por Contracs e CUT, venceu as eleições com 56,12% dos votos válidos e, enfim, poderá promover a renovação de uma entidade que tinha à frente um dirigente há 30 anos.
Não bastasse se perpetuar no poder sem que isso trouxesse benefícios à categoria, José Tadeu de Menezes Barros ainda foi destituído do cargo, junto com toda a direção, em dezembro de 2018 a pedido do Ministério Público do Trabalho. A alegação foi de fraude no último pleito, foram identificadas 450 assinaturas falsificadas durante o último processo de escolha da direção.
A nova diretoria representa efetivamente uma renovação em relação ao grupo anterior. Jovem e mulher, Renata Valença, trabalhadora da Leroy Merlin, irá comandar o sindicato até 2022 e conta como foi o processo de diálogo com a base.
"Nossa chapa batalhou muito para engajar os comerciários nesta primeira eleição aberta que tivemos no sindicato. Para que as pessoas soubessem a importância do voto. Foi muita ralação, muitos times nas ruas visitando centros comerciais, praticando a proximidade, ouvindo e estimulando a todos que exercessem o direito de escolher quem realmente gostaríamos que nos representasse. Eu resolvi me candidatar para melhorar as condições de nossa classe, assegurar nossos direitos, porque eu sou comerciária e me incomodava muito o estado de abandono do sindicato e a neutralidade diante das barbáries cometidas pela antiga gestão. Eu me juntei, então, com outros companheiros que têm sede de mudança e formamos a chapa 1", explicou.
Para a nova presidenta, o objetivo central da gestão é estabelecer a transparência e o diálogo com a base como prioridades.
"Queremos fazer uma gestão com transparência e proximidade em relação aos comerciários para que tenhamos ações que façam sentido com o momento que a classe passa em Alagoas. Precisamos melhorar o diálogo com os patrões para minimizar principalmente a disparidade de direitos que temos aqui no nosso estado em relação aos demais estados do Nordeste. Por exemplo, somos o menor piso salarial da região", falou Renata.
Secretário de Organização da CUT Alagoas, Izac Cavalcante, ressalta que há seis anos a oposição à antiga direção vinha atuando para cobrar uma mudança de direção no sindicato e que a eleição é resultado desse trabalho junto às bases.
"Tudo começa em 2012, quando o 1° de Maio caiu num domingo e o calçadão do comércio resolveu abrir, mas fizemos uma mobilização e o fechamos. Dali para frente surgiram comerciários interessados em conversar conosco. Nós sabíamos que o sindicato era inoperante, mas não tínhamos base de quanto. Foi na conversa coma a base que descobrimos, apuramos denúncias, fomos buscar provas até que, seis anos depois de entrarmos com um processo, a justiça afastou a direção por desvio de conduta e falsificação de assinaturas. Não foi uma luta fácil, mas, enfim, saiu a junta governativa, a eleição e vencemos. Soubemos que o sindicato, inclusive, tem uma dívida trabalhista de R$ 1,5 milhão de Fundo de Garantia e INSS não pago aos funcionários, mas acreditamos que confiamos que conseguiremos quitar tudo isso a médio prazo", disse Izac.
Cenário tenebroso
Desde o início deste ano, com o afastamento da direção, uma Junta Governativa provisória passou a comandar entidade e precisou usar da criatividade para realizar as eleições, já que não havia um único associado.
Neste pleito, puderam votar todos os trabalhadores com carteira assinada no comércio há mais de seis meses. E para concorrer nas chapas era necessário ter mais de um ano de registro. Isso, porém, não foi o suficiente para impedir que os patrões tentassem interferir nas eleições, já que as chapas 2 e 3 tinham empresários camuflados como trabalhadores entre os candidatos ao pleito, como destaca o secretário de Organização e Políticas Sindicais da Contracs, Alexandre da Conceição.
"Os pelegos não se entenderam entre eles mesmos, essas chapas foram resultado de um racha entre um grupo formado por empregadores e advogados. Mas por meio da resistência foi possível mostrar aos trabalhadores quem realmente os defendia, mesmo com rumores de que os patrões estavam comprando votos", apontou.
De acordo com o dirigente, o resultado demonstra que, unificado, o movimento sindical é capaz de vencer qualquer grupo que tente roubar os direitos da classe trabalhadora.
"A vitória da Chapa 1 é mérito de todo o grande trabalho realizado por esse grupo de comerciários, mas também do apoio de bravos companheiros da CUT Paraíba e da CUT Rio Grande do Norte, que estiveram em Alagoas nos últimos três dias oferecendo todo o suporte para garantir um processo democrático e favorável às bases. Além, claro, dos companheiros da CUT Alagoas que sempre combateram a diretoria afastada e sem qualquer comprometimento com os comerciários", acrescentou Alexandre.
Publicado: 15 Abril, 2019 - 16h20
Escrito por: Luiz Carvalho, da Contracs
Desde a madrugada desta quinta-feira (11), o Sindicato dos Empregados no Comércio do Estado de Alagoas (Secea) está sob nova direção. A Chapa 1, apoiada por Contracs e CUT, venceu as eleições com 56,12% dos votos válidos e, enfim, poderá promover a renovação de uma entidade que tinha à frente um dirigente há 30 anos.
Não bastasse se perpetuar no poder sem que isso trouxesse benefícios à categoria, José Tadeu de Menezes Barros ainda foi destituído do cargo, junto com toda a direção, em dezembro de 2018 a pedido do Ministério Público do Trabalho. A alegação foi de fraude no último pleito, foram identificadas 450 assinaturas falsificadas durante o último processo de escolha da direção.
A nova diretoria representa efetivamente uma renovação em relação ao grupo anterior. Jovem e mulher, Renata Valença, trabalhadora da Leroy Merlin, irá comandar o sindicato até 2022 e conta como foi o processo de diálogo com a base.
"Nossa chapa batalhou muito para engajar os comerciários nesta primeira eleição aberta que tivemos no sindicato. Para que as pessoas soubessem a importância do voto. Foi muita ralação, muitos times nas ruas visitando centros comerciais, praticando a proximidade, ouvindo e estimulando a todos que exercessem o direito de escolher quem realmente gostaríamos que nos representasse. Eu resolvi me candidatar para melhorar as condições de nossa classe, assegurar nossos direitos, porque eu sou comerciária e me incomodava muito o estado de abandono do sindicato e a neutralidade diante das barbáries cometidas pela antiga gestão. Eu me juntei, então, com outros companheiros que têm sede de mudança e formamos a chapa 1", explicou.
Para a nova presidenta, o objetivo central da gestão é estabelecer a transparência e o diálogo com a base como prioridades.
"Queremos fazer uma gestão com transparência e proximidade em relação aos comerciários para que tenhamos ações que façam sentido com o momento que a classe passa em Alagoas. Precisamos melhorar o diálogo com os patrões para minimizar principalmente a disparidade de direitos que temos aqui no nosso estado em relação aos demais estados do Nordeste. Por exemplo, somos o menor piso salarial da região", falou Renata.
Secretário de Organização da CUT Alagoas, Izac Cavalcante, ressalta que há seis anos a oposição à antiga direção vinha atuando para cobrar uma mudança de direção no sindicato e que a eleição é resultado desse trabalho junto às bases.
"Tudo começa em 2012, quando o 1° de Maio caiu num domingo e o calçadão do comércio resolveu abrir, mas fizemos uma mobilização e o fechamos. Dali para frente surgiram comerciários interessados em conversar conosco. Nós sabíamos que o sindicato era inoperante, mas não tínhamos base de quanto. Foi na conversa coma a base que descobrimos, apuramos denúncias, fomos buscar provas até que, seis anos depois de entrarmos com um processo, a justiça afastou a direção por desvio de conduta e falsificação de assinaturas. Não foi uma luta fácil, mas, enfim, saiu a junta governativa, a eleição e vencemos. Soubemos que o sindicato, inclusive, tem uma dívida trabalhista de R$ 1,5 milhão de Fundo de Garantia e INSS não pago aos funcionários, mas acreditamos que confiamos que conseguiremos quitar tudo isso a médio prazo", disse Izac.
Cenário tenebroso
Desde o início deste ano, com o afastamento da direção, uma Junta Governativa provisória passou a comandar entidade e precisou usar da criatividade para realizar as eleições, já que não havia um único associado.
Neste pleito, puderam votar todos os trabalhadores com carteira assinada no comércio há mais de seis meses. E para concorrer nas chapas era necessário ter mais de um ano de registro. Isso, porém, não foi o suficiente para impedir que os patrões tentassem interferir nas eleições, já que as chapas 2 e 3 tinham empresários camuflados como trabalhadores entre os candidatos ao pleito, como destaca o secretário de Organização e Políticas Sindicais da Contracs, Alexandre da Conceição.
"Os pelegos não se entenderam entre eles mesmos, essas chapas foram resultado de um racha entre um grupo formado por empregadores e advogados. Mas por meio da resistência foi possível mostrar aos trabalhadores quem realmente os defendia, mesmo com rumores de que os patrões estavam comprando votos", apontou.
De acordo com o dirigente, o resultado demonstra que, unificado, o movimento sindical é capaz de vencer qualquer grupo que tente roubar os direitos da classe trabalhadora.
"A vitória da Chapa 1 é mérito de todo o grande trabalho realizado por esse grupo de comerciários, mas também do apoio de bravos companheiros da CUT Paraíba e da CUT Rio Grande do Norte, que estiveram em Alagoas nos últimos três dias oferecendo todo o suporte para garantir um processo democrático e favorável às bases. Além, claro, dos companheiros da CUT Alagoas que sempre combateram a diretoria afastada e sem qualquer comprometimento com os comerciários", acrescentou Alexandre.
Comentários
Postar um comentário