Fiscalização do MPT flagra terceirizados submetidos à assédio moral
Fiscalização realizada pelo Ministério Público do
Trabalho (MPT) e Ministério do Trabalho em Maceió, nesta segunda-feira (30),
flagrou cerca de 20 trabalhadores da empresa terceirizada Salmos Comércio e
Representações sendo submetidos à situação de constrangimento e assédio moral.
Os empregados prestavam serviço à Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) em
Alagoas, mas estariam sendo mantidos “de castigo” e sem receber
verbas rescisórias após a empresa rescindir o contrato com a fundação.
Na sede da empresa, localizada no Conjunto
Henrique Equelman, no bairro do Antares, a equipe de fiscalização encontrou os
empregados em um pequeno espaço de 15 m², ociosos, sem alimentação disponível e
com apenas um banheiro. Segundo depoimentos, todos os 20 trabalhadores deveriam
ser mantidos na situação constrangedora, inclusive cumprindo a mesma jornada de
trabalho, até o fim do aviso prévio da demissão.
Durante audiência realizada na sede do MPT, na
semana passada, os trabalhadores denunciaram que estavam sendo coagidos a pedir
demissão da empresa. Segundo a denúncia, a Salmos “recomendou” que
os empregados escrevessem uma carta de próprio punho com o pedido de demissão,
com a promessa de que seriam contratados para os quadros da próxima empresa que
prestará serviços à FUNASA. O MPT investiga se a RP Nasto e Representações,
vencedora da licitação, pertence ao mesmo grupo econômico da Salmos e se a nova
empresa foi criada para burlar o pagamento das verbas trabalhistas.
A procuradora do Trabalho Virgínia Ferreira
participou da fiscalização e afirmou que a situação é um claro exemplo de
fraude na relação de trabalho. “São comuns as situações de empresas
terceirizadoras de mão de obra que, ao terem seus contratos rescindidos com as
empresas tomadoras, forçam seus empregados a pedirem demissão para serem
recontratados pela nova empresa vencedora do processo licitatório. Com isso, se
apropriam das verbas trabalhistas que seriam devidas aos trabalhadores que
tiveram seus contratos de trabalho rescindidos. Eis um grande mal da
terceirização, que só tende a se alastrar após a reforma trabalhista, com
enorme prejuízo para os trabalhadores”.
Virgínia Ferreira notificou a Salmos Comércio e
Representações a liberar, de imediato, todos os trabalhadores e a quitar todas
as verbas rescisórias, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e outras
garantias devidas até a próxima sexta-feira (3). Em um mês, este é o segundo
caso que o MPT em Alagoas recebe de empresas terceirizadas que rescindem
contratos de trabalho, mas não pagam verbas rescisórias e outras garantias aos
funcionários.
Fonte: MPT
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