22% dos brasileiros vivem abaixo da linha da pobreza, diz estudo
FONTE: Folha de S. Paulo
A parcela de pobres no Brasil, que
vinha diminuindo ao longo da última década, voltou a subir em 2015,
apontam os dados do Banco Mundial.
Nova métrica que passou a ser usada neste mês pelo Banco Mundial para
delimitar a quantidade de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza
eleva de 8,9 milhões para 45,5 milhões o número de brasileiros
considerados pobres –1/5 da população.
A instituição decidiu complementar a linha de pobreza tradicional –que
traça o corte em consumo diário inferior a US$ 1,90– com outras duas
delimitações mais ajustadas às realidades de cada país.
Uma nova linha passa a ser demarcada em US$ 3,20, representando a
mediana das linhas para países de renda média baixa. A outra linha é de
US$ 5,50 por dia, que corresponde à mediana das linhas de pobreza dos
países de renda média alta, entre os quais se inclui o Brasil.
"Ser pobre no Maláui ou em Madagáscar é diferente de ser pobre no
Chile, no Brasil ou na Polônia", diz Francisco Ferreira, economista do
Banco Mundial.
No caso de países como o Brasil, o volume de pessoas que vivem abaixo
da linha de US$ 1,90 é pequeno, ou seja, esse corte não captura a real
pobreza do país.
"Muito pouca gente vive com US$ 1,90 por dia no Brasil, graças a Deus.
Mas quem vive com US$ 2,00 ainda é pobre para os padrões brasileiros e
para os padrões dos países de renda média alta", diz.
A parcela de pobres no Brasil, que vinha diminuindo ao longo da última
década, voltou a subir em 2015, apontam os dados do Banco Mundial.
Sob a linha de US$ 1,90 por dia a fatia da pobreza correspondia a 3,7%
em 2014 e subiu para 4,3% no ano seguinte. Quando a régua sobe para US$
5,50 diários, a parcela de brasileiros abaixo da linha vai a 20,4% em
2014, crescendo para 22,1% em 2015.
A República Democrática do Congo serve como exemplo de país em que a
linha de US$ 1,90 é coerente porque abaixo dela sobrevivem 77% da
população. Elevar nesse país a linha para US$ 5,50 seria desnecessário
do ponto de vista estatístico porque abrangeria quase a totalidade da
população.
Segundo Ferreira, a ideia é ter, portanto, linhas para comparações
internacionais mais apropriadas aos contextos dos países de diferentes
níveis de desenvolvimento.
A escala de US$ 1,90 continua sendo a medida principal, usada pelo
banco como marco para a meta de erradicação da pobreza extrema no mundo
em 2030.
Os novos parâmetros adicionais foram bem avaliados por economistas.
"Parece positivo considerar linhas de pobreza mais realistas. A de US$
1,90 subestima a pobreza de países não pobres", diz Celia Kerstenetzky,
professora da UFRJ.
Segundo ela, é "louvável" considerar as múltiplas dimensões de
bem-estar para medir a pobreza, e não apenas a renda, um conceito
alinhado às ideias defendidas por Amartya Sen, indiano laureado com o
Nobel de Economia, cujo trabalho é mencionado pelo Banco Mundial na
justificativa para a adoção das novas linhas complementares.
A instituição decidiu complementar a linha de pobreza tradicional –que traça o corte em consumo diário inferior a US$ 1,90– com outras duas delimitações mais ajustadas às realidades de cada país.
Uma nova linha passa a ser demarcada em US$ 3,20, representando a mediana das linhas para países de renda média baixa. A outra linha é de US$ 5,50 por dia, que corresponde à mediana das linhas de pobreza dos países de renda média alta, entre os quais se inclui o Brasil.
"Ser pobre no Maláui ou em Madagáscar é diferente de ser pobre no Chile, no Brasil ou na Polônia", diz Francisco Ferreira, economista do Banco Mundial.
No caso de países como o Brasil, o volume de pessoas que vivem abaixo da linha de US$ 1,90 é pequeno, ou seja, esse corte não captura a real pobreza do país.
"Muito pouca gente vive com US$ 1,90 por dia no Brasil, graças a Deus. Mas quem vive com US$ 2,00 ainda é pobre para os padrões brasileiros e para os padrões dos países de renda média alta", diz.
A parcela de pobres no Brasil, que vinha diminuindo ao longo da última década, voltou a subir em 2015, apontam os dados do Banco Mundial.
Sob a linha de US$ 1,90 por dia a fatia da pobreza correspondia a 3,7% em 2014 e subiu para 4,3% no ano seguinte. Quando a régua sobe para US$ 5,50 diários, a parcela de brasileiros abaixo da linha vai a 20,4% em 2014, crescendo para 22,1% em 2015.
A República Democrática do Congo serve como exemplo de país em que a linha de US$ 1,90 é coerente porque abaixo dela sobrevivem 77% da população. Elevar nesse país a linha para US$ 5,50 seria desnecessário do ponto de vista estatístico porque abrangeria quase a totalidade da população.
Segundo Ferreira, a ideia é ter, portanto, linhas para comparações internacionais mais apropriadas aos contextos dos países de diferentes níveis de desenvolvimento.
A escala de US$ 1,90 continua sendo a medida principal, usada pelo banco como marco para a meta de erradicação da pobreza extrema no mundo em 2030.
Os novos parâmetros adicionais foram bem avaliados por economistas.
"Parece positivo considerar linhas de pobreza mais realistas. A de US$ 1,90 subestima a pobreza de países não pobres", diz Celia Kerstenetzky, professora da UFRJ.
Segundo ela, é "louvável" considerar as múltiplas dimensões de bem-estar para medir a pobreza, e não apenas a renda, um conceito alinhado às ideias defendidas por Amartya Sen, indiano laureado com o Nobel de Economia, cujo trabalho é mencionado pelo Banco Mundial na justificativa para a adoção das novas linhas complementares.
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