Maternidade: o que as mulheres enfrentam na carreira

Há menos de um mês, a arquiteta Karen*, de 25 anos, entrou numa multinacional para uma entrevista de emprego. Depois de quase 2 horas de conversa sobre sua formação, experiência e visão de carreira, as informações não foram suficientes para convencer os recrutadores de que ela era a pessoa certa para vaga. De maneira quase despretensiosa, seu relacionamento foi posto à mesa.
“Tivemos alguns momentos bem descontraídos na entrevista, sem nervosismo, e surgiu o assunto namoro. Quando já estava quase terminando, eles me perguntaram há quanto tempo estávamos juntos, se ele morava em São Paulo, se eu morava com ele, se pretendíamos nos casar e coisas assim. Achei estranho porque era só a primeira fase e me pareceu bem especulativo.”
Esse tipo de questionamento nem de longe se restringe à experiência de Karen. Perguntas pessoais surgem em várias entrevistas de emprego – mas com muito mais frequência quando as candidatas são mulheres. “Há uma dimensão pessoal em todo processo seletivo, mas é preciso que haja alguma especificidade na vaga que justifique esse tipo de pergunta. Com um caráter único de checagem, mesmo sendo permitido, acho bem questionável do ponto de vista moral”, defende Françoise Trapenard, diretora comercial da ABRH-Brasil.

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