Acordos salariais ampliam ganho real em julho
FONTE: Valor Econômico
A queda da inflação em 2017 continua a ampliar os reajustes reais para
as categorias profissionais que negociaram acordos coletivos salariais
em julho ao maior nível nos últimos 12 meses. Dados do Boletim
Salariômetro, elaborado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas
(Fipe), indicam que os acordos e convenções coletivas registrados no mês
passado tiveram reajuste real médio de 2,4%, mais que o 1,6% observado
em junho, e maior patamar desde agosto do ano passado.
O aumento real de julho resulta da combinação de reajustes nominais
medianos estagnados em 5% desde abril, mas com inflação mais baixa a
cada mês e que, no Índice Nacional de Preços ao Consumido (INPC)
acumulado em 12 meses, está em 2,6%. "O interessante é que há um ano os
reajustes eram de quase 10%, mas não havia ganho real porque a inflação
estava alta", afirma o coordenador do Salariômetro, Hélio Zylberstajn.
Em agosto do ano passado, por exemplo, quando o reajustes nominal
mediano obtido nos acordos e convenções realizados entre sindicatos e
empresas era de 9,6%, mesmo percentual do INPC - não havia ganho
salarial real. Os reajustes superiores à inflação começaram a ocorrer em
fevereiro deste ano, à medida que a inflação caiu abaixo dos 5,4%.
"Agora o reajuste nominal é 5%, bem menor que no ano passado, o reajuste
real é de 2,4%, que é um ganho enorme", afirma.
O relatório da Fipe analisa os resultados das negociações coletivas,
incluindo reajustes e pisos salariais; bem como a evolução da folha de
salários do conjunto das empresas brasileira, com base nos acordos e
convenções registrados na página Mediador do Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE).
A perspectiva, prevê Zylberstajn, é que o ritmo de alta real nas
negociações persista até o fim do ano. A projeção do boletim Focus, do
Banco Central, é que o INPC termine o ano ainda baixo, em 3%, e
permaneça abaixo de 4% até abril de 2018. "O trabalhador empregado está
conseguindo recuperar a inflação e um 'troco'".
Em julho, a mediana dos pisos salariais negociados no país em julho foi
R$ 1.170, valor 24,8% maior que o salário mínimo vigente, de R$ 937.
Nas convenções coletivas, mais abrangentes porque são pactuadas entre
sindicatos profissionais e sindicatos patronais, o piso mediano foi R$
1.120. Nos acordos coletivos, negociados entre sindicatos e apenas uma
empresa, foi um pouco maior, de R$ 1.180.
Outro destaque positivo dos últimos meses no boletim, segundo o
pesquisador, tem sido o menor número de acordos com redução de jornada e
salário. Foram 43 entre janeiro e julho deste ano, ante 361 no mesmo
período do ano passado. Em julho, foi registrado um único acordo desse
tipo. "Sinal de que a crise está amainando".
Em 2017 até julho, 76,9% das convenções e acordos coletivos realizadas
tiveram reajuste acima do INPC, proporção maior que os 72,1% no primeiro
semestre. A folha salarial do setor formal também continua crescendo.
Em maio, último mês com o dado disponível, a folha salarial chegou a R$
103,9 bilhões, cifra 0,5% maior do que a observada em abril e 1,6% maior
que o valor de maio de 2016, quando era de R$ 102,2 bilhões.
Entre as categorias, as cinco que receberam os maiores reajustes
medianos no acumulado de 12 meses terminados em julho foram condomínios e
edifícios (1,42%), feiras, eventos e divulgações (também com 1,42%),
hospitais e serviços de saúde (1,02%), cemitério e agências funerárias
(0,86%) e agricultura e pecuária (0,85%).
No mesmo tipo de comparação, as maiores perdas foram de publicidade e
propaganda (-0,08%) e extração e refino de petróleo (-4,62%).
Levando em conta os Estados, os maiores beneficiados foram Tocantins
(0,92%), Rio Grande do Sul (0,52%), Goiás (0,42%), Ceará (0,41%) e Mato
Grosso (0,38%). Já os que tiveram os piores reajustes foram Bahia
(0,01%), Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco (todos com zero e
Amazonas (-0,55%).
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