Ministro do TST compara reforma trabalhista a "servidão voluntária"
A reforma trabalhista vai retirar direitos dos
empregados “com uma sagacidade sem par”, porque será em um processo
gradual. A avaliação é do ministro do Tribunal Superior do Trabalho
(TST), Mauricio Godinho Delgado. Em sessão de debate sobre a
reforma no Senado, o ministro fez forte discurso contra a mudança na
legislação, chegando a comparar o novo contrato de jornada intermitente à
“servidão voluntária”.
“Com todo respeito, a reforma retira
muitos direitos, mas com uma inteligência, com uma sagacidade sem par”,
afirmou. “Os direitos poderão ser retirados no dia a dia da relação de
emprego”, completou Delgado. O ministro do TST dá como exemplo o trecho
do projeto que estabelece que benefícios como ajuda de custo, auxílio
alimentação, abonos e diárias para viagens não são parte do salário. “Ao
fazer isso, tecnicamente, a reforma já está rebaixando o ganho
econômico do trabalhador, sem contar que está rebaixando também a
arrecadação do Estado”, enfatizou.
Para o ministro, a reforma
rebaixa o patamar civilizatório mínimo alcançado pela legislação
brasileira. “A jornada intermitente é um contrato de servidão
voluntária. O indivíduo simples fica à disposição, na verdade, o seu
tempo inteiro ao aguardo de três dias de convocação”, avaliou. O
contrato de jornada intermitente, previsto na reforma, permitirá que o
funcionário só trabalhará e receberá, caso a empresa o convoque com três
dias de antecedência.
O ministro explicou também que esse tipo
de contrato não possibilitará que o trabalhador possa ter crédito
bancário, “porque o salário dele é absolutamente desconhecido, nem o
empregador sabe, nem ele saberá”. Outra crítica de Delgado é a regra que
prevê que os custos de um processo trabalhista serão divididos entre
empresa e funcionário. Se o empregado ganhar seis de dez temas, por
exemplo, terá de arcar com os custos do empregador nos outros quatro.
“Ingressar com ação trabalhista, se aprovada essa fórmula, torna-se um
risco terrível para o pobre. Só falta isto: o pobre ainda correr risco
de sair com um passivo trabalhista às avessas”, afirmou.
Fonte: Estadão
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