Governo estuda usar FGTS no lugar do seguro-desemprego
ATUALMENTE O SEGURO É CUSTEADO TAMBÉM COM PARCELA DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL. OU SEJA O TRABALHADOR TAMBÉM CUSTEIA O SEGURO DESEMPREGO.
Segundo a reportagem, o governo pretende usar o saldo do FGTS e a multa de 40%, paga nos casos de demissão sem justa causa, para repassar três parcelas ao trabalhador, substituindo o seguro-desemprego
Publicado em 23/06/2017, às 14h42
O governo Michel Temer está elaborando uma proposta para reter parte
do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) de funcionários
demitidos sem justa causa para economizar com o seguro-desemprego.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, admitiu nesta sexta-feira
(23), em evento na capital paulista, que o plano existe. E, segundo ele,
caminha de forma embrionária.
"Isso é algo que está em discussão, não tem uma decisão final ainda. É
um assunto ainda embrionário", afirmou. "Existem diversas propostas em
discussão que ainda não subiram ao nível onde podemos analisar e dizer
'sim, vamos seguir em frente, ou não', disse em entrevista coletiva.
De acordo com o jornal "O Globo", a ideia é parcelar o total do fundo
e a multa de 40%, devida para o trabalhador que é mandado embora, para
que parte desse dinheiro pague o salário que o funcionário recebia. O
prazo é de três meses e, depois desse período, caso o trabalhador não
tenha se recolocado no mercado de trabalho, passaria a receber o seguro
desemprego e sacaria o saldo restante do FGTS.
Ainda segundo o jornal, a proposta está na área técnica do Ministério
do Planejamento e pode entrar em vigor por medida provisória.
Atualmente, o trabalhador demitido sem justa causa tem direito a
retirar integralmente o dinheiro do FGTS da empresa para a qual estava
vinculado e a multa. Caso tenha mais se 12 meses de carteira assinada,
ele também tem direito a receber seguro-desemprego, que varia de três a
cinco parcelas entre R$ 937 e R$ 1.643.
O Fundo de Garantia é um dinheiro do trabalhador. Mensalmente, um
valor equivalente a 8% do salário é depositado pela empresa em uma conta
em nome do funcionário na Caixa Econômica Federal. Já o
seguro-desemprego depende de recursos do FAT (Fundo de Amparo ao
Trabalhador), o qual depende do Tesouro Nacional.
Segundo o governo, R$ 14 bilhões foram gastos de janeiro a março deste ano com seguro-desemprego.
A Força Sindical disse considerar um "verdadeiro confisco" o governo
pretender reter o FGTS dos trabalhadores para pagamento de seguro e que,
caso a medida seja implantada, entrará com ação no STF (Supremo
Tribunal Federal).
"Não podemos permitir que o trabalhador tenha seu dinheiro retido
justamente quando mais precisa, ou seja, quando desempregado. A ideia
demonstra uma total e clara falta de sensibilidade social por parte dos
tecnocratas do ministério", disse a central, em nota.
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