Reforma da Previdência: qual empreiteira está bancando? Quais empresas estão incluidas neste contexto?
De
tanto legislar mal, o Brasil vive eternamente fazendo reformas, que os
políticos e seus “analistas”, com muita empáfia, acrescentam o adjetivo
“necessárias”.
Esse vai e vem dificulta até na fixação de regras pelos cidadãos, devido às mudanças contínuas.
De
novo, os políticos, tão bem na fita atualmente, insistem na reforma da
Previdência Social. Essa insistência é acompanhada pelos “especialistas”
da mídia ou convidados por ela. Eles parecem articulados a difundir uma
culpa antecipada à sociedade: ou aceita as mudanças ou o país quebra.
Não se dão conta de que, depois dos áudios dos delatores, a primeira
pergunta seria qual empreiteira está bancando
a Reforma da Previdência.
Por que quebraria ou já está quebrado o país?
Ninguém
faz essa pergunta e tampouco respondem. Esse ponto tão relevante fica
absorvido por outra artimanha que sustentavam os crimes de políticos,
o tal do “o que passou, passou”, importante é daqui para frente.
Primeiro,
o governo federal e todos os demais precisam abrir as contas de forma
transparente e nem isso fazem. A Lei de Acesso à Informação é
mais uma a não sair do papel.
A
reforma tão desejada pode ser feita, mas apenas depois de os governos
pararem de pagar horas extras para encher bolsos de camaradas; de
pagarem
aluguéis, absolutamente desnecessários, de carros, de imóveis e tudo o
mais. E já até calaram sobre a extinção dos milhares de cargos
comissionados. Esses gastos fazem a alegria de alguns grupos, inclusive
daqueles de imprensa em postos de “assessor de comunicação”.
Todo órgão público, até de existência própria questionável, possui uma
assessoria de imprensa para distribuir notas. Advinha para quem?
Já
é de conhecimento geral uma dívida do empresariado com a Previdência
Social da ordem de 420 bilhões de reais. Não se fala em cobrar e reaver
esse dinheiro de alguma maneira antes de maltratar mais uma vez os
cidadãos. Afinal, não é por acaso que as empresas doavam milhões de
dólares para as campanhas eleitorais.
Eu
assino embaixo a reforma da Previdência, com todos os requisitos que o
governo sugere. Mas, depois, apenas depois, de cobrar a dívida dos
devedores, de acabar com todos os incentivos e isenções fiscais – e a
Lava-Jato desvenda agora a que preços – ao empresariado, depois de
receber tudo dos clubes de futebol, depois da cobrança de impostos de
igrejas e demais isentos, depois de acabar com as
verbas de gabinetes de deputados, depois de acabar com carros oficiais
para tudo quanto é gato-pingado, depois de vender todas as moradias e
extinguir os auxílios de moradia para a casta de cima.
Isso,
para início das negociações. Teriam muitos outros depois. Além, óbvio,
de apenas as novas regras se aplicarem somente aos futuros contratados.
Até com base na tese defendida pelo próprio governo de que os
resultados dessas mudanças serão para um futuro longínquo.
Um
último depois: que o teto de salário dos servidores públicos seja
cumprido por todos. Ele está na Constituição desde 1988 e até hoje
ninguém
cumpre e até o Supremo Tribunal Federal “quedou-se silente”, sempre tão
complacente com as correntes políticas do momento. Afinal, em nome da
governabilidade, até esse último guardião da cidadania parece ter
assimilado a conveniente função política que os
interessados lhe atribuem.
Pedro Cardoso da Costa – Interlagos/SP
Bacharel em direito
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