PORTADOR DE NEUROFIBROMATOSE GARANTE O DIREITO DE PROVAR INVALIDEZ ANTES DE TER COMPLETADO 21 ANOS

Fonte: TRF2- 15/03/2017 - Adaptado pelo Guia Trabalhista
A Oitava Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) anulou a sentença de um processo e determinou seu retorno à 24ª Vara Federal do Rio de Janeiro para que seja produzida a prova pericial necessária a esclarecer se o autor, E.J.A.S, faz jus à reversão da pensão militar instituída por seu pai, falecido em 1982, e concedida a sua mãe, que veio a falecer também em 2011. 
Ele solicita o benefício na condição de filho inválido, portador de lesões decorrentes da ‘Neurofibromatose Tipo 1’. Pede ainda o pagamento das parcelas em atraso, a contar da data em que requereu a pensão administrativamente. 
"A Neurofibromatose, também denominada doença de Recklinghausen, é uma doença hereditária que se caracteriza pelo aparecimento de tumores benignos múltiplos do sistema nervoso. A evolução é progressiva e imprevisível. Normalmente, os tumores surgem durante a puberdade, entre os 10 e os 15 anos de idade, na pele ou em outras partes do corpo. Não é uma doença rara e tem sido descrita em indivíduos de todas as raças, com ligeira predileção pelo sexo masculino.  
Neurofibromatose tipo 1 (NF1) – causada por mutações no cromossoma 17 que reduzem a produção de neurofibromina, uma proteína utilizada pelo organismo para evitar o surgimento de tumores. Este tipo de neurofibromatose também pode provocar perda de visão e impotência.

Neurofibromatose tipo 2 (NF2) – provocada por mutações no cromossoma 22, diminuindo a produção de merlina, outra proteína que suprime o crescimento de tumores em indivíduos saudáveis. Este tipo de neurofibromatose pode causar perda de audição.(Extraído do site Melhorsaúde.org http://melhorsaude.org/2015/10/15/neurofibromatose/, acesso em março/2017)" . 
A sentença julgou improcedente o pedido do autor, considerando que na “petição inicial, ele não afirmou, como fundamento de sua pretensão e para justificar seu pedido de concessão do benefício de pensão, que, antes mesmo de completar vinte um anos de idade, estaria acometido de condição física e neurológica que o tornava inválido”, ou seja, “não alega que sua atual situação estaria presente também em momento anterior ao óbito do instituidor da pensão, e que, à época, já lhe colocaria na condição de invalidez”.
Acontece que no TRF2, o relator do processo, desembargador federal Marcelo Pereira da Silva, entendeu que, diante da necessidade de se estabelecer se as lesões preexistiam ao óbito do instituidor da pensão, bem como, confirmar se acarretaram ao demandante, invalidez apta a garantir a pleiteada reversão da pensão por morte, é necessária a produção de prova pericial, o que não foi feito de forma satisfatória.
“Houve violação ao princípio do devido processo legal, em decorrência da falta de manifestação do Juízo acerca da prova pericial requerida pelo demandante, com evidente precipitação na imediata prolação de sentença, evidenciado que a causa não se encontra madura para julgamento, diante a inexistência nos autos de documentos aptos a aferir acerca da efetiva invalidez do demandante, bem como se a invalidez preexistia à época do falecimento do instituidor do benefício”, entendeu o relator.
Para seu convencimento, o desembargador levou em conta o parecer do Ministério Público Federal, segundo o qual, “o laudo do perito do juízo não se mostra adequado, tendo sido lavrado sem a análise de nenhum exame complementar, e sem responder nenhum quesito apresentado pelas partes. 
De fato, no caso em comento, somente a realização de perícia médica será capaz de atestar com exatidão se o Autor faz jus ao recebimento da pensão pretendida na inicial, sendo este o único meio possível para entrega de provimento jurisdicional justo e adequado”.

Processo: 0048440-38.2012.4.02.5101.

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