Brasileiros perderam 30% dos seus patrimônios desde 2011
O que o relatório da Oxfam, baseado no do Credit Suisse, tem a dizer
você já sabe há uns dias: só oito bilionários do topo do ranking possuem
tanta riqueza quanto a metade mais pobre do mundo, composta por 3,6 bilhões de indivíduos.
Então quero falar sobre alguns dados menos populares do relatório – os que estão no capítulo sobre o Brasil.
Ali diz que a riqueza média por adulto no nosso país era de US$ 8 mil no ano 2000. Nesse caso não é salário. É patrimônio mesmo.
Como eles não têm como saber quantos carros ou quantas cuecas vc tem, “patrimônio” no relatório é imóvel e poupança financeira.
Bom,
de 2000 para 2011, o patrimônio médio do brasileiro subiu de US$ 8 mil
para para US$ 27 mil – ou seja, de R$ 25 mil para R$ 90 mil em valores
de hoje.
Mas de lá para cá as coisas mudaram de figura: os R$ 90
mil por adulto caíram para R$ 60 mil. Um terço da riqueza média dos
brasileiros, segundo o relatório do Credit Suisse, foi para o espaço nos
últimos 6 anos.
No Chile, outro país que depende da exportação de
commodities, e que, portanto, também sofreu com a recessão global do
início desta década, o patrimônio médio por adulto é de R$ 150 mil. 10% a
mais do que em 2011, o ano zero da nossa derrocada.
O relatório
traz uma luz para as desigualdades daqui também. Por exemplo. Enquanto o
patrimônio médio está em R$ 60 mil, o patrimônio do brasileiro médio é
bem menor: R$ 12 mil.
A diferença é a seguinte: patrimônio médio é
aquela coisa. Pega o seu patrimônio, o do Abílio Diniz, e divide: vai
dar coisa US$ 1 bilhão – o que não diz nada sobre a desigualdade
patrimonial entre vocês dois.
É para isso, então, que existe o
cálculo do “brasileiro médio”. Funciona assim: se o Brasil tivesse 100
habitantes, e todos estivessem em fila, do maior até o menor patrimônio,
o sujeito número 50 da fila seria o “brasileiro médio”. Na fila do
Brasil real, esse sujeito mediano tem um patrimônio não de R$ 60 mil,
mas de R$ 12 mil.
Exato: o grosso da grana que puxa a média para
cima está nas mãos dos nossos 172 mil milionários (os brasileiros com
patrimônio acima de um milhão de dólares).
São poucos milionários
em dólar, até. No Reino Unido, há mais de 2 milhões deles, para uma
população que não dá metade da nossa. E, mesmo assim, a diferença entre o
patrimônio médio do britânico e o patrimônio do britânico médio é
relativamente baixa: US$ 288 mil de média, contra US$ 108 mil do
mediano.
Este, porém, é um problema clássico do Brasil. A novidade mesmo foi o pós-2011: conseguimos piorar o que já era péssimo.Este conteúdo foi originalmente publicado no site da Superinteressante.
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