Número de aposentadorias aumenta 16,5% no ano
O impacto das greves do INSS e a insegurança sobre o que virá com a
reforma da Previdência levaram a um aumento nas concessões de
aposentadoria. Segundo dados da Previdência Social, o número de
benefícios no período de janeiro a agosto foi de 3,539 milhões – 16,5%
superior ao de igual período do ano passado, quando o número chegou a
3,035 milhões. Somente em agosto, o número aumentou 87% ante o mesmo mês
de 2015.
Para especialistas, esse número representa, em parte, a pressa de
quem teme trabalhar mais. Também entra nessa conta os pedidos do ano
passado que ficaram atrasados por causa das greve dos peritos, entre
setembro de 2015 e fevereiro de 2016, e dos servidores administrativos
do INSS, de julho a setembro de 2015.
O número ainda conta com corrida após a instituição da fórmula 85/95,
segundo a qual a mulher poderia ter aposentadoria integral quando a
soma do tempo de contribuição e da idade fosse 85 e o homem, 95.
Idade. Segundo Jose Roberto Savoia, professor da Saint Paul Escola de
Negócios e ex-secretário de Previdência Complementar, esse fenômeno é
normal apesar de o governo ainda não ter batido o martelo sobre o que
será proposto na reforma. “Aconteceu com a reforma em 1997 e em 2002. É
um reflexo da ansiedade das pessoas em não saber como será”, explica.
Savoia é a favor da idade mínima de 65 anos, pois reduziria o rombo
na Previdência, estimado em R$ 148,7 bilhões em 2016. Apesar de
concordar com a reforma, o professor aponta que mexer no cálculo do
benefício e aumentar o tempo de contribuição é equivalente a propor
jornada de trabalho de 12 horas e defende que é preciso uma análise mais
detalhada.
“Em geral, é muito justo dar o benefício integral para quem já
atingiu 35 anos de contribuição. O ideal é valorizar quem já ficou mais
tempo”, afirma.
A necessidade de atualização também é compartilhada pela União Geral
dos Trabalhadores, que entende que o aumento da longevidade pede o
aprimoramento do sistema previdenciário. Mas Ricardo Patah, presidente
da entidade, ressalta que a proposta de idade mínima de 65 anos para se
aposentar acaba prejudicando as pessoas de classes baixas que costumam
trabalhar desde a adolescência.
“A média de idade que o brasileiro começa a trabalhar é 16 anos. Para
ter essas medidas tem de ter acoplado um conjunto de melhorias para o
futuro e mais diálogo.”
O tempo de contribuição para a concessão do benefício integral também
pode ser alterado com a mudança da idade mínima, exigindo mais anos de
trabalho, diz Sara Quental, sócia do escritório Crivelli Advogados e
diretora do Instituto dos Advogados Previdenciários (Iape). “Será que
quem trabalha com serviço braçal chegará aos 65 anos com condições de
continuar e o mercado de trabalho estará preparado para manter esse
trabalhador?”
O grande debate é que nunca haverá um bom momento para mudar a
Previdência, opina Valdirene Franhani, do Braga&Moreno Advogados.
“Fato é que a nova regra tem de ser melhor que a anterior, mas vai ter
de sacrificar uma parte em detrimento de outra. É uma questão
matemática”, afirma.
PERGUNTAS E RESPOSTAS
1. Quem já puder se aposentar entra na reforma?
Não. Quem cumpriu requisitos fica de fora da mudança.
2. Quando vou me aposentar?
A idade limite deverá ser de 65 anos e valerá para quem tem menos de
50 anos e, para mulheres e professores, 45. Quem tiver mais de 50 anos
poderá se aposentar pela regra atual, mas terá de cumprir um pedágio,
que seria o tempo que falta mais 40%.
3. Quando a reforma será implantada?
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que será prioridade
após a aprovação da PEC dos gastos. Mas, para ele, caso o Congresso
passe a reforma da Previdência no primeiro semestre de 2017 será “uma
rapidez impressionante”.
Comentários
Postar um comentário