Dieese divulga balanço das negociações do 1º semestre; ampliar a mobilização dos trabalhadores é necessária

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apresentou nesta quinta-feira, 1º/9, o balanço das negociações dos reajustes salariais do primeiro semestre de 2016.
O estudo, que analisou reajustes na indústria, comércio e serviços, aponta um quadro adverso e reforça a necessidade de o sindicalismo ampliar a mobilização dos trabalhadores.

Os dados mostram piora nos resultados das negociações coletivas. Pouco menos de um quarto dos reajustes – cerca de 24% – resultou em aumentos reais aos salários, 37% tiveram reajustes em valor igual à inflação e 39% abaixo.

Em entrevista à Agência Sindical, o coordenador de relações sindicais do Dieese, José Silvestre Prado, atribui os resultados à deterioração do ambiente no mercado de trabalho em relação ao ano de 2015.

“A inflação aumentou no último ano e enfrentamos o fechamento de muitos postos de trabalho. Esses fatores acabaram influenciando negativamente as negociações. Por isso, somente um quarto das categorias chegaram a conquistar aumento real”, explica. O coordenador também chama atenção para o número de parcelamentos dos reajustes, que acaba protelando o pagamento na data-base.

Os trabalhadores da indústria foram os mais prejudicados, devido em parte à persistência do câmbio desfavorável. Cerca de 21% dos reajustes analisados resultou em ganhos reais aos salários, 33% ficaram abaixo da inflação e 46% tiveram valores iguais à variação do INPC-IBGE.

Silvestre avalia que essa tendência deve se manter no segundo semestre, apesar de categorias com mais tradição estarem negociando seus reajustes. “Nós avaliamos que a tendência não deve se alterar, pois a recessão continua e o desemprego também, os mesmos elementos que influenciaram as negociações no primeiro semestre”, diz o coordenador.

Economia
Para o técnico do Dieese, a atividade econômica não deve piorar mais em 2016, abrindo uma perspectiva de retomada do dinamismo no mercado de trabalho. “A recuperação, porém, deve ser lenta, porque sua retomada será sobre uma base muito deprimida.”

E prossegue: “Levaremos mais tempo para retomar os patamares de negociação de 2014, por exemplo. Além disso, as reformas trabalhistas acenadas pelo governo que assumiu trazem algumas incertezas aos trabalhadores, que precisam estar unidos para não ter direitos retirados”, finaliza.
O estudo está disponível no site do Dieese em www.dieese.org.br.

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