Pesquisa Nacional por Amostra de Domícilio
A taxa de desemprego voltou a
crescer de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD)
referente ao terceiro trimestre (de julho a setembro) deste ano. No trimestre
anterior a amostra avaliada registrou a taxa de desocupação em 8,3%. Já no
terceiro trimestre, a taxa subiu para 8,9%, configurando como a maior desde o
início da série histórica elaborada pelo IBGE.
O contingente de ocupados ficou
estável no confronto com o trimestre anterior, entretanto houve crescimento de
7,5% do grupo de indivíduos desocupados.
Apesar da preocupação das
famílias em equilibrar o orçamento doméstico, segundo o Índice Nacional de
Expectativa do Consumidor (Inec) divulgado pela Confederação Nacional da
Indústria (CNI), com a proximidade das festas de fim de ano os brasileiros estão
dispostos a aumentar as compras de bens de maior valor. Contudo, a expectavida
de compra é inferior ao do ano passado.
De acordo com outra pesquisa
divulgada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação
Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), as famílias brasileiras pretendem
gastar, em média, R$ 106,94 nas compras de final de ano, sendo este valor
inferior aos R$ 125,22 conferidos no ano passado. Se o resultado das pesquisas
se confirmarem, a contratação de trabalho temporário contribuirá para suavizar o
ritmo de crescimento da taxa de desemprego.
O poder de compra do brasileiro
também diminui. O rendimento médio real das pessoas ocupadas registrado foi de
R$ 1.889. No trimestre anterior (de abrial a maior) o redimento do brasileiro
estava em R$ 1.913, confirmando o decréscimo de 1,2%.
Volume de vendas no
Comércio
O Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatísticas (IBGE) confirmou a retração de 0,5% no volume de vendas
do comércio varejista no mês de setembro frente a agosto de 2015. Já é o oitavo
resultado negativo consecutivo registrado pela série. O percentual registrado
conferiu a queda de 6,2% em relação a setembro de 2014. No acumulado do ano as
vendas no varejo apresentam recuo de 3,3%. Devido à importante participação do
setor na economia nacional, o cenário é preocupante.
A receita nominal do setor se
manteve estável em 0,1% no mês e demonstrou variação positiva em 2015 de
3,5%.
No caso do Comércio varejista
ampliado, que contempla o varejo e as atividades ligadas à venda de veículos,
motos e peças e material de construção, o volume de vendas e a receita nominal
registraram variação negativa de 1,5% e 1,2%, respectivamente. A explicação para
tal resultado pode ser conferido na forte queda no segmento de veículos, motos e
peças. O segmento vendeu 4% a menos em relação a agosto e 21,8% inferior ao
conferido em setembro de 2015.
Apenas 3 das 10 atividades
avaliadas pela pesquisa obtiveram crescimento nas vendas em 2015, sendo as
atividades de artigos farmacêuticas (3,6%), equipamentos e materiais para
escritório (4%) e outros artigos de uso pessoal e domésticos
(1,5%).
Saldo do Emprego no
Comércio e Serviços
O Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados (CAGED) contabilizou o encolhimento de mais de 46 mil postos de
trabalho no setor de Serviços em outubro. O Comércio acompanhou também o ritmo
do mercado de trabalho e fechou o mês com o número de demissões superior ao de
admisiões em 4.261 empregos.
Comércio e Serviços acumulam
perdas de 239.293 e 76.281 postos de trabalho,
respectivamente.
Inflação
Poupança
O volume financeiro referente à
captação líquida (depósitos - saques) da caderneta de poupança, de janeiro a
outubro de 2015, registrou o descréscimo de R$ 57,05 bilhões em recursos
aplicados no investimento. Em outubro a fuga de capitais da poupança foi de R$
3,26 bilhões, o que configura o pior resultado registrado pelo Banco Central
para os meses de outubro da série histórica. O saldo atual de todos os
investimentos realizados neste ativo somam R$ 644,84 bilhões. No mesmo período
do ano passado os depósitos no ativo estavam em R$ 647,5
bilhões.
Hoje a remueranção da poupança
está definida em 6,17% ao ano mais a variação da Taxa Referencial (TR). Com o
avanço da inflação no país, o investimento tornou-se desvantajoso tendo em vista
que outros investimentos oferecem rendimentos superiores à da poupança e também
pelo ativo não assegurar o poder de compra dos investidores.
Investimentos em renda fixa como
as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), de Crédito Imobiliário (LCI) e o
Certificado de Depósito Bancário (CDB) são recomendados para o cenário atual,
pois apresentam remuneração acima da poupança e risco semelhante. Caso o banco
que emitiu esses títulos for à falência, o Fundo Garantidor de Crédito (FGC)
assegura os investimentos até o valor de R$ 250 mil.
Cesta
Básica
O preço da cesta básica subiu em
9 das 18 cidades brasileiras avaliadas pelo Departamento Intersindical de
Estudos Socioeconômicos (Dieese) em outubro. Brasília (2,1%), Natal (0,97%) e
Aracaju (0,93%) confirmaram as maiores altas na comparação mensal. Entretanto,
Curitiba (-1,85%), Porto Alegre (-1,27%) e Florianópolis (-1,21%) apresentaram
as maiores reduções nos preços dos itens alimetícios da cesta
básica.
O consumidor brasileiro observou
nos supermercados os preços dos alimentos subirem desde o começo do ano. São
Paulo continua sendo a capital com o maior custo da cesta básica (R$ 382,13), na
frente de Porto Alegre (R$ 380,80) e Florianópolis (R$
378,45).
De acordo com o Dieese o salário
mínimo suficiente para o trabalhador custear as suas despesas com alimentação,
moradia, saúde, edução e outros, deveria ser de R$ 3.210,28, ou 4,07 vezes o
salário mínimo vigente (R$ 788).
O tempo médio de trabalho para o
consumidor comprar todos os itens que compõem a cesta básica, em outubro, era de
106 horas e 41 minutos.
Os itens alimentícios que
sofreram maior variação nos preços foram açúcar, arroz, óleo de soja, café em
pó, pão francês e carne bovina. A alta dos preços comercializados do açúcar é
explicada pela redução da oferta interna do alimento, em virtude do aumento das
exportações e de parte da cana ter sido destinada para produção de
etanol.
O pão francês, alimento presente
com frequência na mesa das famílias brasileiras, teve aumento em 13 das cidades
avaliadas, com variação de preços entre 0,54% e 3,03%. A desvalorização do real
em relação à moeda norteamericana encarece a farinha de trigo. As chuvas na
região Sul do país e a pequena oferta de cereal de boa qualidade também
contribuíram para o aumento do custo de produção do pão
francês.
Endividamento
Familiar
A Pesquisa de Endividamento e
Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio de Bens,
Serviços e Turismo (CNC) registrou redução no percentual de famílias endividadas
em outubro.
Após sete altas consecutivas o
percentual de famílias com dívidas reduziu de 63,5% em setembro para 62,1% no
mês de outubro. Apesar da melhora no orçamento das famílias, o total de
endividados ainda supera o estimado no ano passado. As famílias entrevistadas
declararam possuir dívidas com cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque
especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e
seguro.
A pesquisa é realizada
mensalmente pela Entidade desde 2010 e conta com a coleta de dados de 18 mil
consumidores distribuídos em todas as capitais metropolitanas.
O indicador responsável por medir
o percentual de famílias com dívidas ou contas em atraso se manteve constante
ante ao mês imediatamente anterior, em 23,1%. Mesmo assim, o indicador aponta
para a maior dificuldade das famílias brasileiras em fechar as contas no final
do mês. No ano passado, 17,8% dos consumidores entrevistados relataram se
encontrar nessa situação. O tempo médio de atraso das contas foi de 61
dias.
A relação de consumidores que
declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso
apresentou leve queda na comparação mensal, passando de 8,6% para 8,5% em
outubro. Na análise por faixa de renda, o percentual apurado para o grupo com
renda de até dez salários mínimos foi de 10,1% contra 2,5% das famílias com
renda superior a dez salários mínimos.
As dívidas com cartão de crédito
(78,5%), carnês (16,6%) e financiamento de carro (13,4%) são as que estão mais
presentes no orçamento das famílias brasileiras.
Selic
Nas reuniões realizadas nos dias
24 e 25 de novembro os membros do Comitê de Política Monetária (COPOM) decidiram
pela manutenção da taxa básica de juros, Selic. Portanto, a Selic continua a
14,25% a.a. Foram seis votos à favor da manutenção da taxa Selic e dois pela
elevação da taxa para 14,75%. As próximas
reuniões do COPOM estão agendadas para os dias 19 e 20 de janeiro de 2016.
Dívida
Pública
Conforme dados disponibilizados
pela secretaria do Tesouro Nacional o estoque da Dívida Pública Federal (DPF),
que compreende as dívidas interna e externa, sofreu a segunda queda, em termos
nominais, no ano. A redução conferida em outubro foi de 3,22%, o que fez a
dívida cair de R$ 2,734 trilhões para R$ 2,646 trilhões. Desde o começo de 2015
o Governo Federal tem tentado reduzir o gasto público com o intuito de controlar
a Dívida Pública, contudo a retração da dívida não pode ser confiado apenas ao
Governo, mas também a valorização do Real frente ao dólar norteamericano e ao
euro.
A Dívida Pública Mobiliária
Federal interna (DPMFi) verificou redução do seu estoque em 3,27% em razão do
resgate líquido (resgastes - emissões) de R$ 110,64 bilhões, sendo este valor
compensado pela apropriação positiva de juros de R$ 25,96 bilhões. Portanto a
DPMFi reduziu de R$ 2,588 trilhões, em setembro, para R$ 2,504 trilhões no mês
de outubro.
Já a Dívida Pública Mobiliária
Federal externa (DPFe) foi favorecida pela valorização do Real. A redução do
estoque apurado ficou em 2,37%, finalizando outubro em R$ 142,43 bilhões (US$
36,91 bilhões). Em setembro a DPFe foi apurada em R$ 145,89, que na epóca
equivalia a US$ 36,72 bilhões.
Os dados ainda revelam o
crescimento de investidores estrangeiros na composição dos detentores da dívida.
A participação deles subiu de 18,85% para 19,13%, enquanto que a participação de
Instituições Financeiras caiu de 25,36% para 24,28%. O grupo Previdência também
apresentou variação positiva na composição do estoque da dívida (de 20,88% para
21,62%).
Indicadores de
Mercado
Brasília, 26 de novembro de
2015.
Renan Bonilha
Klein
Analista
Econômico
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