Novo CPC derruba Lei da Presidente Dilma que acabava com garantias conquistadas pelos trabalhadores.
A Lei 13.097/2015, promulgada em 19/01/2015, fruto da Medida Provisória 656/2014, no seu inc. IV, do art. 54,
instituiu novidades nada boas para os trabalhadores. Esta Lei, editada
sorrateiramente, acabava com toda e qualquer possibilidade que antes os
trabalhadores haviam conquistado para impedir que as empresas se
esquivassem do pagamento de suas dívidas trabalhistas.
Para
melhor explicar no que implicava esta nova Medida Lei: o Conselho
Nacional de Justiça, CNJ, cujo presidente era à época o ministro Cézar
Peluso, recomendou a apresentação da certidão da Justiça do Trabalho
(Recomendação CNJ 3/2012) nas escrituras. Esta recomendação fez com que
toda e qualquer transação imobiliária tivesse que ter a apresentação de
certidão negativa de débito trabalhista. Se nesta certidão constasse uma
ação trabalhista, mesmo que esta ação não estivesse averbada na
matrícula do imóvel, o trabalhador teria o direito de requerer a
anulação da venda por tratar-se de "fraude ao credor", pois quem comprou
o imóvel tinha conhecimento da ação e mesmo assim o adquiriu, o que
poderia ser uma "armação" do devedor, no caso, a empresa, ou dos
empresários, para não cumprir com suas obrigações não quitando seus
débitos com o empregado. Ficando o devedor insolvente, ou sem bens a
serem vendidos, e sem dinheiro em sua conta, o trabalhador não teria
como requerer e receber seus direitos, facilitando a vida dos "mal
intencionados".
Com a Lei 13.097/2015,
a apresentação da certidão negativa de débitos trabalhistas (que aponta
ações trabalhistas existentes por região) e a CNDT (certidão nacional
de débitos trabalhistas), que aponta ações trabalhistas em fase de
execução em todo o território nacional, deixaram de fazer efeito, pois,
mesmo que conste nelas algum apontamento, se na matrícula do imóvel as
ações não estiverem averbadas, a venda do imóvel não poderá ser
contestada. E convenhamos, se tenho imóveis em municípios diferentes
daquele que resido, dificilmente alguém saberá de sua existência para
poder fazer a tal averbação em sua matrícula.
Com a sanção do Novo Código de Processo Civil, os dispositivos tratados na lei anterior 13.097/20015, referentes à fraude à execução, foram revogados, pois o novo CPC
regula inteiramente essa matéria. Estabelece o Decreto-Lei nº 4.657, de
4 de dezembro de 1942 (Lei de Introdução às normas do Direito
Brasileiro. Com redação dada pela Lei nº 12.376, de 2010):
"Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior."
A fraude à execução passa a ter nova leitura do Novo Código Civil.
Dessa forma, para sua efetivação, não será necessário que conste na
matrícula do imóvel a averbação da existência da demanda prevista na
Lei13.097/2015, pois com a edição do novo CPC não prevalece o caráter absoluto do registro imobiliário.
Além
do mais, a exigência das certidões de feitos ajuizados, inclusive as da
Justiça do Trabalho, independe de previsão legal, conforme recentes
decisões do STJ, posteriores a publicação da Lei 13.097/2015 - RECURSO ESPECIAL Nº 1.365.627 - SPe RECURSO ESPECIAL Nº 773.643 - DF
Para concluir, é importante deixar claro que a intenção da Lei 13.097/20015
nunca foi dar maior segurança jurídica nas operações imobiliárias, mas
atender aos interesses das instituições financeiras e dos milionários
donos de cartórios de registros de imóveis, o que explica a aprovação de
matéria processual civil através de MP em um ano de campanha eleitoral.
Fonte: JusBrasil
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