ADVERTÊNCIA E SUSPENSÃO DISCIPLINAR
A CLT ao estabelecer em seu artigo 2º a
definição de empregador, concede a este o poder e o risco da direção da
atividade, controlando e disciplinando o trabalho, aplicando, se necessário, as
penalidades aos empregados que não cumprir com as obrigações do contrato de
trabalho.
Concomitantemente, ao estabelecer no artigo
3º a definição de empregado, impõe a este a dependência do empregador, seja na
execução do trabalho mediante ordens, seja na continuidade ou não do emprego ou
na possibilidade de medidas disciplinares por descumprimento ao estabelecido em
contrato.
Para se manter a ordem e a disciplina no ambiente de
trabalho o empregador possui a faculdade de aplicar determinadas penalidades,
mas dentro de um senso justo e moderado, uma vez que a CLT protege o
trabalhador contra as arbitrariedades que ocorrer por parte do empregador.
CONCEITOS
Advertência
Embora não há legislação que discipline a aplicação de
advertências, este ato está no poder intrínseco do empregador de dirigir a
empresa. A advertência é um aviso ao empregado para que ele tome
conhecimento de que seu comportamento não atende às normas estabelecidas pela
empresa em relação às suas atribuições e obrigações como empregado.
Através da advertência, o empregado estará tomando ciência que seu contrato de trabalho
poderá até ser rescindido por justa causa se houver reiteração nos atos
considerados faltosos. É o meio pelo qual o empregador poderá demonstrar que
ações estão sendo tomadas para a mudança de comportamento do empregado.
A advertência poderá ser aplicada
verbalmente, mas recomenda-se, por cautela, fazê-la por escrito, pois
eventualmente poderá necessitar-se de fazer comprovação futura.
Suspensão
A suspensão disciplinar atua como penalidade dada ao
empregado como uma medida mais enérgica.
A suspensão visa disciplinar, resgatar o comportamento do
empregado conforme as exigências da empresa. Ela pode ocorrer após advertências
ou até mesmo logo após o cometimento de uma falta de maior relevância. Esta falta terá que ser
bastante grave, pois haverá prejuízo ao empregado e ao empregador.
Haverá prejuízo salarial ao empregado uma vez que ele
perde a remuneração correspondente aos dias de suspensão e a do descanso
semanal remunerado correspondente, pois trata-se de falta injustificada; e ao
empregador, no que diz respeito à prestação dos serviços.
Através da suspensão o empregador poderá justificar
futuramente uma eventual rescisão por justa causa, em razão dos atos
reincidentes e graves praticados pelo empregado mesmo tendo sido advertido e
suspenso.
REQUISITOS ESSENCIAIS
O empregador deverá observar determinados requisitos no
momento da aplicação da penalidade:
a) atualidade da punição: a punição sempre deve ser
imediata, exceto quando a falta cometida requeira apuração de fatos e de
responsabilidades para se punir. A demora na aplicação da penalidade pode
caracterizar perdão tácito do empregador;
b) unicidade da pena: o empregador tem o direito de
aplicar uma única vez a punição referente a um ato faltoso. Exemplificando, não
se pode aplicar primeiro uma advertência e depois uma suspensão por uma única
falta cometida;
c) proporcionalidade: neste item impera o bom senso do
empregador para dosar a pena aplicada pelo ato faltoso do empregado.
Deve-se observar o seguinte:
-
O histórico funcional do empregado (se já cometeu outros atos faltosos);
-
Os motivos determinantes para a prática da falta;
-
A condição pessoal do empregado (grau de instrução, necessidade, entre outras condições).
Havendo rigor na pena ou a advertência mediante
humilhação do empregado (na presença de clientes ou colegas), poderá ensejar a
rescisão indireta do contrato de trabalho, uma vez que caracteriza falta grave
do empregador.
d) penas pecuniárias e transferências: não se admite a
instituição de penas pecuniárias (multas), exceto para
atletas profissionais, e
nem as transferências punitivas, com o intuito de penalizar o empregado em
relação a sua ascensão profissional ou deslocamento entre residência-trabalho.
SUSPENSÃO – DIREITO
A suspensão deve ser aplicada de maneira moderada para ser
justa.
Sendo o motivo alegado injusto ou duvidoso, poderá o
empregado pleitear em juízo seu cancelamento. O juiz analisará o assunto e
determinará ou não o cancelamento da suspensão, através de sentença, sem
intervir no grau da sanção.
O juiz nunca diminuirá a quantidade de dias impostos,
pois os Tribunais não podem interferir nos assuntos disciplinares das empresas.
EFEITOS NO CONTRATO
INDIVIDUAL DE TRABALHO
A suspensão disciplinar pode acarretar a interrupção ou a
suspensão do contrato individual de trabalho.
-
Interrupção: ocorre na hipótese da sentença judicial cancelar a suspensão imposta, tendo o empregado direito ao salário dos dias parados, bem como aos repousos respectivos.
-
Suspensão: ocorre no caso do Tribunal não proceder ao cancelamento da suspensão, ou do empregado não pleitear em juízo o cancelamento da Suspensão Disciplinar. Neste período o contrato de trabalho não vigora, impossibilitando assim o empregado de prestar serviços e, em consequência, de receber a remuneração correspondente.
Férias
Como a Suspensão Disciplinar é tida como ausência
injustificada ao serviço, acarreta então a redução do período de gozo de
férias, conforme determina o artigo 130 da CLT, ou seja:
"Art. 130 - Após cada período de 12 (doze) meses de
vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, na
seguinte proporção:
I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao
serviço mais de 5 (cinco) vezes;
II - 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido
de 6 (seis) a 14 (quatorze) faltas;
III - 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15
(quinze) a 23 (vinte e três) faltas;
IV - 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24
(vinte e quatro) a 32 (trinta e duas) faltas.
§ 1º - É vedado descontar, do período de férias, as faltas
do empregado ao serviço.
§ 2º - O período de férias será computado, para todos os efeitos,
como tempo de serviço."
13º Salário
Se o período correspondente a suspensão
disciplinar for igual ou superior a quinze dias, dentro do mesmo mês, o
empregado deixará de receber 1/12 avos referentes ao 13º salário.
SINDICÂNCIA OU INQUÉRITO ADMINISTRATIVO
As empresas poderão adotar ainda comissão de
inquérito, composta por empregados com o objetivo de apurar denúncias de
irregularidades praticadas por empregados.
Caberá à Comissão tomar as providências
necessárias como oitiva de testemunhas, do empregado acusado, de quem fez a
denúncia, analisar documentos, avaliar o local onde ocorreu a falta, entre
outras medidas que podem contribuir para a elucidação do fato.
Somente após toda a averiguação e a
oportunidade do empregado em apresentar sua defesa, a Comissão poderá se
manifestar junto ao empregador através de um parecer sugerindo as providências
ou punições a serem tomadas.
Dentre as principais vantagens de se compor
uma comissão de inquérito está a produção de provas consistentes do cometimento
de falta grave pelo empregado que foi dispensado por justa causa. Estas provas,
em caso de reclamação trabalhista, serão fundamentais para a comprovação perante
a justiça do Trabalho.
RECUSA DO EMPREGADO
EM RECEBER A PENALIDADE
O empregado que, ao receber a penalidade, sem justo
motivo, se recusar a dar ciência, o empregador ou seu representante deverá ler
ao empregado o teor da comunicação, na presença de duas testemunhas, indicando o
nome e coletando a assinatura de ambas no documento.
Após as duas testemunhas ouvirem a leitura, deverá se
inserir no rodapé da comunicação, uma observação:
"em virtude da recusa do empregado em dar ciência do
recebimento desta comunicação, seu conteúdo foi lido por mim (nome da pessoa),
na sua presença e na das testemunhas abaixo, em (data)."
DURAÇÃO DA SUSPENSÃO
A suspensão
disciplinar, por disposição legal (artigo 474 da CLT), não pode ser superior a
30 (trinta) dias consecutivos, sob pena de ser considerada falta grave por parte
do empregador, importando na rescisão indireta do contrato de trabalho por parte
do empregado, conforme dispõe a letra "b" do
artigo 483 da CLT.
Assim como a
advertência, a suspensão também não é disciplinada pela legislação. Não há
portanto, dispositivo legal que indique quantos dias e em que condições deve ser
aplicada a suspensão ao empregado, mas somente o prazo máximo de 30 (trinta)
dias.
Cabe, portanto, ao
empregador, analisar a gravidade da falta praticada pelo empregado, podendo por
analogia, estabelecer 1, 3, 8, 15 ou 30 dias.
DISPENSA COM JUSTA CAUSA
A dispensa com justa
causa é o resultado da ineficácia das medidas de advertência ou suspensão
aplicadas ao empregado. É a penalidade máxima imposta ao trabalhador que, embora
tenha recebido medidas corretivas, não demonstrou mudança de comportamento no
ambiente de trabalho.
A justa causa,
prevista no
artigo 482 da CLT, é consideravelmente prejudicial ao trabalhador,
pois além de perder o emprego, perderá também vários direitos trabalhistas como
férias proporcionais, 13º salário, multa sobre FGTS, saque do FGTS e etc.
Maiores detalhes
acesse o tópico
Rescisão por justa causa - Empregado.
MODELO DE
ADVERTÊNCIA DISCIPLINAR
MODELO DE SUSPENSÃO
DISCIPLINAR
JURISPRUDÊNCIA
RECURSO DE REVISTA. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL.
CONFIGURAÇÃO. O Eg. Tribunal Regional do Trabalho da 20ª Região, pelo acórdão de
fls. 198/201, negou provimento ao recurso ordinário do autor. Inconformada, a
parte interpôs recurso de revista, com base no art. 896, "a" e "c", da CLT (fls.
205/215). In casu, como bem salientado pela magistrada de primeiro grau, restou
constatado que a empresa fora induzida a erro pelo ofício expedido pela
Delegacia, no tocante ao número do prefixo do carro em que aconteceu o
incidente, que ocasionou o oferecimento de 'Queixa-Crime' em face de um cobrador
de ônibus, empregado da reclamada. Urge salientar que, ao contrário do alegado
pelo recorrente, o depoimento do preposto não se mostrou contraditório ou
divergente dos documentos juntados aos autos, inclusive, em relação ao documento
'Aviso de Suspensão Disciplinar ao Empregado' de fl. 148, datado de 26 de maio
de 2011. No referido documento, consta aplicação de penalidade ao reclamante por
motivo de faltas reiteradas e, não como quer fazer crer o reclamante, em razão
da suspeita do autor ser o causador do desrespeito a um passageiro e as suas
filhas. Pela análise de todo o conjunto probatório, entendo que a afirmativa do
preposto de que 'o reclamante não foi suspenso após o recebimento do documento
da delegacia' foi no sentido de que o autor não foi suspenso em decorrência do
recebimento desse documento que induziu a reclamada a erro quanto ao autor do
fato. Destaque-se que o nome do reclamante constante do ofício, trata-se apenas,
da identificação do cobrador que a empresa entendia ter laborado na linha de
ônibus em que ocorreu o incidente, não havendo que se falar em falsificação da
assinatura do autor. Recorre de revista o reclamante, alegando fazer jus à
indenização por dano moral, tendo em vista que estava trabalhando em linha
diversa daquela na qual ocorreu o incidente. Aduz que a empresa não se esforçou
para investigar melhor quem estava trabalhando como cobrador do ônibus no dia do
sinistro, circunstância que lhe causou constrangimento e a suspensão indevida de
suas atividades. Aponta ofensa aos arts. 186, 187 e 927 do Código Civil e
divergência jurisprudencial. Depreende-se do trecho antes transcrito que o
Regional decidiu com base nos elementos instrutórios dos autos, concluindo pela
inexistência de ato ilícito ensejador de indenização por dano moral. Com efeito,
restou claro no acórdão recorrido que a delegacia se equivocou ao identificar o
veículo no qual ocorrera o incidente. Dessa forma, é natural que a empresa,
induzida em erro e imbuída do dever de cumprir as determinações legais, tenha
enviado o autor à delegacia para esclarecimentos. Além disso, o Regional
evidenciou que a suspensão do reclamante decorreu de reiteradas faltas que ele
havia cometido e não do fato de ele ter comparecido à delegacia. A configuração
do dano moral, segundo dispõe o art. 186 do CCB, pressupõe a existência de
conduta ilícita do pretenso ofensor, a qual, conforme quadro descrito no
acórdão, não restou demonstrada. De outra face, a necessidade do revolvimento de
fatos e provas impede o regular processamento da revista, a teor da Súmula
126/TST. Recurso de revista não conhecido. ( RR - 221-65.2012.5.20.0006 ,
Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, Data de Julgamento:
20/03/2013, 3ª Turma, Data de Publicação: 26/03/2013).
JUSTA CAUSA. PENALIDADES DE
ADVERTÊNCIA E SUSPENSÃO. Na legislação trabalhista não há obrigatoriedade de
observância de gradação de penalidades, o que serve tão somente como um
termômetro do comportamento do empregado. Portanto, insere-se no poder
potestativo do empregador o direito de rescindir o contrato por justa causa
quando evidenciadas uma das hipóteses de que trata o art. 482 da CLT sem que
antes tenha que lançar mão de qualquer penalidade anterior. Recurso a que se dá
parcial provimento. (TRT-1 - RO: 3483920125010068 RJ , Relator: Claudia de Souza
Gomes Freire, Data de Julgamento: 30/04/2013, Nona Turma, Data de Publicação:
04-06-2013).
JUSTA CAUSA. ADVERTÊNCIAS E
SUSPENSÃO ASSINADAS PELO AUTOR. ÔNUS PROBATÓRIO. A prova colhida nos autos é
insuficiente para maiores conclusões. A testemunha do Autor nada diz a respeito
das supostas faltas, apenas que era comum negociar verbalmente com o superior
hierárquico folgas e compensações. A testemunha da Reclamada apenas "ouviu
dizer" que o Reclamante faltou alguns dias. Por outro lado, está no próprio
depoimento pessoal do Reclamante que desde o seu retorno pós-acidentário este
queria ser dispensado pela Reclamada (fls. 41), o que foi negado ante sua
estabilidade. Além disto, há duas advertências e uma suspensão assinadas pelo
Autor. As duas faltas que causaram a final ruptura do contrato são
incontroversas. Está demonstrada uma certa gradação de punições, bem como a
postura desidiosa do Reclamante. Ante o princípio da continuidade caberia à
Reclamada demonstrar os fatos que justificam a Justa Causa trabalhista. Todavia,
como as punições sofridas pelo Reclamante estão devidamente assinadas, estes
documentos servem como prova dos ilícitos contratuais cometidos. Não se admite a
tese esposada na sentença de que a regularidade de acordos verbais com o
superior hierárquico afastam a validade das advertências. Este fato não afasta a
presunção de veracidade das informações contidas na advertência assinada pelo
Reclamante. Caberia ao Autor demonstrar que houve vício de vontade na assinatura
dos termos de advertência e suspensão. Insatisfeito este ônus probatório,
ratifica-se a validade daqueles documentos. Deste modo, reforma-se o julgado de
origem para reconhecer a Justa Causa trabalhista, tal qual lançada no termo de
rescisão contratual do Reclamante. (TRT-2 - RO: 9286620125020 SP
00009286620125020254 A28, Relator: FRANCISCO FERREIRA JORGE NETO, Data de
Julgamento: 22/08/2013, 14ª TURMA, Data de Publicação: 30/08/2013).
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
INTERVALO INTRAJORNADA. SUPRESSÃO. PREVISÃO EM NORMA COLETIVA .DA JUSTA CAUSA.
Na contestação, às fls. 31, a Recorrida sustenta que dispensou o empregado por
justa causa, em 24/01/02, em razão de faltas nos dias 15 a 23 de janeiro de
2002, depois de tê-lo advertido e de aplicar-lhe suspensão em função de outras
faltas no curso do contrato de trabalho. Todavia, os documentos de fls. 58
noticiam que a Recorrida optou por suspender o Recorrente, nos dias 17/01 a
21/01/2002, por faltas nos dias 15 e 16 do mesmo mês. Ora, ao dispensar o
Recorrente por justa causa em razão de faltas ao serviço, que já haviam sido
causa de suspensão, a Recorrida praticou bis in idem, o que não é admitido no
ordenamento jurídico pátrio. Ressalte-se que, ao contrário do que afirma a
Recorrida, o Recorrente não faltou nos dias 17 a 23/01/2002, mas estava suspenso
de suas funções pela própria Recorrida (fls. 58). Data vênia do entendimento do
Juízo a quo, as inúmeras faltas ao serviço do Recorrente em dias passados não
podem servir de base para a dispensa por justa causa, uma vez que já punido,
seja com advertência, seja com suspensão, em razão dessas mesmas faltas,
conforme comprovam os documentos de fls. 54/57. Igualmente com vênia do Juízo a
quo, pela constatação do bis in idem, revela-se desnecessária a impugnação pelo
Recorrente da documentação acostada aos autos pela Recorrida. Desse modo,
afasta-se a justa causa aplicada, condenando a Recorrida no pagamento das verbas
resilitórias elencadas sob os números 1, 2, 3, 5, 6, 8, da inicial, em valor a
se apurado em liquidação. Com efeito, a Corte de origem afastou a justa causa
aplicada pela empregadora, por concluir, a partir da globalidade da prova
produzida e em sintonia com o art. 131 do CPC, que a reclamada ao dispensar o
recorrente por justa causa em razão das faltas ao trabalho, que já haviam sido
causa de suspensão, praticou bis in idem. ( AIRR - 152440-14.2002.5.01.0048 ,
Relator Ministro: Walmir Oliveira da Costa, Data de Julgamento: 28/04/2010, 1ª
Turma, Data de Publicação: 07/05/2010).
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO
DE REVISTA. RITO SUMARÍSSIMO. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. DISPENSA MOTIVADA.
TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES. APLICABILIDADE. COMPORTAMENTO DESIDIOSO. NÃO
COMPROVAÇÃO (SÚMULA 126 DO TST; VIOLAÇÃO CONSTITUCIONAL E CONTRARIEDADE À SÚMULA
390, II, DO TST. NÃO CONFIGURAÇÃO). Trata-se de ação ordinária com pedido de
tutela antecipada ajuizada pelo Banco do Brasil. S.A. em face de H.S.S.
(empregado) visando ao reconhecimento da rescisão contratual por justa causa e o
ressarcimento dos valores devidos pelo reclamado, que, por sua vez, interpôs
contestação, com pedido contraposto, pleiteando a reintegração aos quadros do
Banco-autor. A Corte de origem manteve a sentença que declarou a nulidade da
dispensa por justa causa e condenou o Banco do Brasil a reintegrar o reclamado
ao seu quadro de funcionários. Não se olvida do preconizado na Súmula 390, II, e
na Orientação Jurisprudencial 247 da SBDI-1, ambas desta Corte, vale dizer, que
os empregados de sociedade de economia mista, ainda que concursados, não têm
estabilidade e da possibilidade de dispensa por justa causa, independentemente
de motivação. O Vice-Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 3.ª Região
denegou seguimento ao recurso de revista interposto pelo Banco do Brasil S.A.,
com fulcro no art. 896, § 6.º, da CLT e em face da Orientação Jurisprudencial
352 da SBDI-1 do TST. Inconformado, o banco-reclamante interpõe agravo de
instrumento (recurso interposto em processo de RITO SUMARÍSSIMO, restrito,
portanto, à invocação de contrariedade a súmula de jurisprudência uniforme do
TST e violação direta da Constituição da República, a teor do art. 896,
parágrafo 6º, da CLT), sustentando que seu recurso de revista tinha
condições de prosperar. Renova os argumentos relativos aos temas "Demissão Por
Justa Causa. Empregado de Sociedade de Economia Mista. Ausência de Estabilidade.
Inexigibilidade de Motivação". O reclamado, em sua defesa, afirma que o gerente
geral da agência, Sr. M.B., maltratava-o com frequência e, durante uma reunião,
tal pessoa teria dito: 'Aqui está o seu atestado de incompetência, para não
dizer outra coisa; você precisa se humilhar e reconhecer que não sabe fazer
operação de crédito' (fl. 106). O réu prossegue em sua defesa, noticiando que
'os gritos, a pecha de incompetente e a humilhação não ficaram entre quatro
paredes' (fl. 106) e nem mesmo entre ele e o gerente, pois - segundo afirma -
outros empregados tudo ouviram e que, a partir de então, sentiu-se arrasado,
desmotivado: 'Em decorrência dos maus tratos, da ignorância e da forma brutal de
tratamento que o gerente Max Botelho dedicava ao reclamante (na verdade,
reclamado), em especial, depois de ser xingado de incompetente na presença de
outros colegas, passou o reclamante (novamente, reclamado), gradativamente, a
sentir diminuído, desmotivado no trabalho' (fls. 108/109). Note-se: se de um
lado está claro que o reclamado faltou ao serviço várias vezes porque estava
desmotivado, de outro tem-se como certo que sua desmotivação tem (ou tinha)
nome, sobrenome e cargo: M.B., o gerente geral da agência. Ao que parece, o
comportamento do reclamado - desestímulo e as faltas ao trabalho - configura o
abalo psicológico a que foi acometido. A conduta antijurídica e abusiva
praticada pelo superior hierárquico, que não cumpriu com sua obrigação de zelar
por um ambiente de trabalho saudável e digno, pode ter causado ao empregado
constrangimento psicológico, angústia, tristeza e diminuição da autoestima. Não
merece ser provido agravo de instrumento que visa a liberar recurso de revista
que não preenche os pressupostos contidos no art. 896, § 6.º da CLT. Agravo de
instrumento não provido. ( AIRR - 79340-08.2007.5.03.0141 , Relatora Ministra:
Delaíde Miranda Arantes, Data de Julgamento: 20/03/2013, 7ª Turma, Data de
Publicação: 26/03/2013).
RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE. JUSTA CAUSA. O
poder disciplinar do empregador pode se consubstanciar em advertência, verbal ou
escrita, suspensão ou dispensa por justa causa. Obviamente, o poder disciplinar,
como direito que é, não é absoluto, encontrando limites na própria medida de
justiça. Assim, a denúncia cheia do contrato individual de trabalho somente se
justifica quando o ato cometido pelo empregado inviabilize concreta e
irreversivelmente a relação de emprego. Pode-se concluir, diante das provas dos
autos, que o autor, realmente, se negou a fazer o curativo de um paciente porque
a sala destinada a esse procedimento estava sendo utilizada por um médico do
pronto atendimento. Extrai-se, também, que havia possibilidade de que fossem
realizados dois procedimentos na mesma sala, desde que não se tratasse de ferida
com infecção. Por outro lado, não houve qualquer prova demonstrando que na sala
de curativos estivesse sendo tratado outro paciente com infecção ou que o
curativo que deveria ter sido feito pelo autor era infeccioso, de modo que os
dois procedimentos não pudessem ter sido realizados na mesma sala. Ademais, o
perito asseverou que à época da contratualidade do autor os curativos também
poderiam ser feitos na sala de suturas. Não se verifica, portanto, qualquer
impedimento para que o autor realizasse as atribuições a ele impostas. Por outro
lado, como auxiliar de enfermagem, o autor estava subordinado à chefia do setor
e, como tal, deveria acatar as ordens emanadas por seu superior hierárquico.
Ora, se o encarregado do setor de enfermagem julgava que determinado
procedimento poderia ser realizado concomitantemente com outro, não cabia ao
autor questionar tal fato, apenas cumprir a ordem a ele dirigida. No caso dos
autos, ainda que as faltas injustificadas do autor tivessem sido devidamente
punidas com advertência e não constituíssem justificativa para a sua dispensa, é
certo que esse fato comprova que ele, no último mês de trabalho, vinha
demonstrando procedimento desidioso, e isso pode (e deve) ser levado em
consideração no momento da aplicação da pena. A negativa por parte do autor em
realizar tarefa designada por seu superior hierárquico e a ausência de prova da
impossibilidade de cumprimento dessa ordem caracterizam ato de insubordinação
que, aliado ao comportamento desidioso que vinha apresentando o autor, permitem
considerar correta a penalidade aplicada. Mantenho, pois, a decisão proferida em
primeira instância e nego provimento à pretensão recursal. (fls. 423-428). ( RR
- 498800-51.2003.5.12.0028 , Relator Ministro: Horácio Raymundo de Senna Pires,
Data de Julgamento: 28/04/2010, 3ª Turma, Data de Publicação: 14/05/2010).
RECURSO DE REVISTA DA
RECLAMANTE. JUSTA CAUSA. REVERSÃO. impossibilidade. A justa causa, em sentido
amplo, comporta definição no seguinte sentido: consequência advinda de ato
ilícito de uma das partes contratantes, que, segundo sua natureza ou repetição,
representa séria violação dos deveres inerentes ao contrato, autorizando o
rompimento da relação empregatícia, sem ônus para a parte que não deu ensejo à
rescisão. Na presente demanda, entendo que há elementos suficientes para se
concluir que a Autora cometeu falta grave, caracterizada pelo abandono de
emprego, capaz de ensejar sua demissão por justa causa. O afastamento da autora
iniciou-se em 09/05/2003 com sucessivas apresentações de atestados médicos e
gozo de benefícios previdenciários. Conta a parte ré que "tendo em vista o lapso
temporal de afastamento da reclamante, aos 30/10/2006 , a reclamada enviou
telegrama à mesma para que comparecesse na ré, a fim de informar a real situação
junto à previdência. Neste sentido, qual não foi a surpresa da mesma em tomar
ciência de que a reclamante estava apta para o trabalho, conforme INSS, desde 05
de maio de 2006" (fl. 186). A decisão da previdência social de fl. 328, datada
de 05/05/2006, informa acerca do indeferimento do requerimento do benefício por
ausência de incapacidade para o trabalho. De fato, nos cartões-ponto de fls.
395/396, a ausência da autora de maio a novembro/2006 consta como "afastado
doença". Justificam-se esses registros na medida em que a empresa não tinha
conhecimento acerca do término do percebimento do benefício previdenciário pela
empregada. Registre-se que a autora não trouxe aos autos novo pedido de
benefício junto à previdência que tenha sido deferido posteriormente a
05/05/2006. Logo, não há justificativa para o não comparecimento ao trabalho
após a data de 05/05/2006, pois a autora encontrava-se apta ao trabalho. No
caso, se a autora recebeu alta médica, o dever era seu de comparecer ao
trabalho. Ademais, a v. decisão recorrida está em consonância com a Súmula 32 do
TST que dispõe que -Presume-se o abandono
de emprego se o trabalhador não retornar ao serviço no prazo de 30 (trinta) dias
após a cessão do benefício previdenciário e nem justificar o motivo de não o
fazer-. Cediço que o art. 2º da CLT
concede ao empregador o poder de dirigir a prestação dos serviços. Este poder
diretivo é a exteriorização e a concretização do poder hierárquico inerente à
condição de empregador, vez que é através daquele que o empregador fixa as
diretrizes da empresa e os modos como deseja verem alcançados seus fins e a
prestação laboral. Além deste poder diretivo, a autoridade do empregador
manifesta-se sobre outra vertente: o poder disciplinar, sendo que, no Direito
Laboral pátrio, as penas admitidas são a advertência, suspensão e a despedida
por justa causa. As duas primeiras possuem tanto caráter punitivo, quanto
preventivo. Já a última só tem como fim a punição.O aresto colacionado parte de
premissa diversa, qual seja, de que a empresa não foi comunicada pela
previdência social do afastamento do empregado ocorrendo o perdão tácito da
reclamada ante o não agir em relação às ausências do empregado, circunstância
distinta da que ora se analisa em que a empregada foi considerada apta para o
trabalho e não retornou à empresa após a cessação do benefício previdenciário.
Recurso de revista não conhecido. ( RR - 764600-89.2007.5.09.0673 , Relator
Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data de Julgamento: 15/12/2010, 6ª Turma,
Data de Publicação: 28/01/2011).
RECURSO DE REVISTA. PROCEDIMENTO
SUMARÍSSIMO. JUSTA CAUSA. DESÍDIA. INDISCIPLINA. Percebe-se, de logo, que o
depoimento judicial prestado pelo reclamante corrobora as teses trazidas pelas
declarações, não podendo prosperar as teses de desrespeito ao contraditório e
ampla defesa, eis que as declarações prestadas encontram-se em consonância com
as afirmações constantes do depoimento judicial do autor. Outrossim, o recorrido
no mínimo agiu com negligência, ao autorizar a realização de trabalhos sem
inteirar-se das verdadeiras condições de sua realização, material a ser
utilizado e consonância com as normas técnicas da empresa para a qual trabalha.
Pergunta-se: Tendo o reclamante assumido em seu depoimento que tinha
conhecimento das normas técnicas da empresa juntadas às fls. 131/133, por qual
motivo as desidiou? Por que não se preocupou com sua observação quando da
realização da ligação de energia na casa do Sr. Vladimir? Ora, em seu depoimento
de fls. 183/184 o reclamante aduziu "(...) que não sabe qual foi o material
utilizado na ligação de luz da casa do Sr. Vladimir; que não sabe dizer se a
ligação feita na casa do Sr. Vladimir estava dentro dos padrões da empresa".
Adiante, aduziu "que na época em que houve a ligação não sabia se a ligação
estava a mais ou menos de 30 metros da rede de distribuição". Houve, assim, no
mínimo, grande desídia por parte do autor, que deveria ter diligenciado o
cumprimento das normas técnicas da empresa a serem aplicadas nos procedimentos
por ele autorizados. Além do mais, o próprio reclamante afirmou que o serviço
foi uma troca de favores, prática repudiante e que abala sobremaneira a
confiança necessária à manutenção do liame empregatício. Dessa forma, a justa
causa para a rescisão do contrato por falta grave foi decorrente da quebra da
fidúcia que, notadamente, é imprescindível no contrato caracterizado pela
relação de emprego. Por fim, é válido asseverar que o reclamante já havia sido
alvo, anteriormente, de advertência com suspensão pelo lapso temporal de dois
dias (fl. 117), havendo, destarte, uma sequencia plausível de penalidades
aplicadas às irregularidades por ele cometidas. Desse modo, da análise dos autos
percebe-se que a reclamada se desincumbiu a contento do seu ônus probandi em
relação à prática de ato de faltoso do obreiro, a teor do disposto no art. 818
da CLT c/c art.333 e incisos do CPC, ao passo que juntou aos autos elementos de
prova capazes de configurar de forma indubitável a falta alegada. Assim, frente
os elementos de convicção trazidos aos autos, entendo que o recorrido, no
exercício de suas atribuições, incorreu com desídia e indisciplina no exercício
de suas funções, justificando a dispensa por justo motivo. (RR -
110500-78.2007.5.16.0015 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data de
Julgamento: 07/12/2010, 8ª Turma, Data de Publicação: 17/12/2010).
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