8 de março, o verdadeiro Dia Internacional da Mulher Proletária!
A Conferência tratava da luta ideológica e política do proletariado e
das demais classes oprimidas e exploradas no caminho da revolução
socialista e, de maneira particular, da importância da participação
massiva das mulheres proletárias nesta luta. A proposta de criação de um
dia especial a ser celebrado internacionalmente, portanto, representava
o crescimento da luta operária e do povo em todo o mundo e a crescente
presença da mulher nesta luta naquele momento.
Desta forma, o Dia Internacional da Mulher Proletária
foi idealizado e votado pelas militantes do movimento feminino popular e
revolucionário a partir da concepção revolucionária da luta pela
emancipação feminina. Ou seja, que a libertação da mulher só é possível
com a libertação de toda sua classe, e que esta libertação é obra das
próprias mulheres das classes oprimidas e não uma concessão das classes
opressoras. Por isso as militantes do movimento feminino popular e
revolucionário não falam de nenhuma maneira de um movimento de todas as
mulheres, não propõem a conciliação de classes.
Para essas militantes revolucionárias, ao contrário do que afirma o
feminismo burguês, o Dia Internacional da Mulher refere-se às mulheres
proletárias e das demais classes oprimidas, como as camponesas e a
intelectualidade progressista, as estudantes e professoras, o que, longe
de restringir o universo feminino, representa a imensa maioria das
mulheres em todo o mundo: metade da imensa população mundial de
operários, camponeses e trabalhadores explorados e oprimidos pelo
imperialismo.
A utilização desta data pelo feminismo burguês é combatida pelas
proletárias, pelas mulheres do povo da cidade e do campo que trabalham
sob o chicote dos homens e mulheres da burguesia e do latifúndio. É
combatida e denunciada como traição e usurpação a atitude desavergonhada
de deputadas e "personalidades" da esquerda oportunista e suas
organizações feministas que se comprazem em sentar-se à mesa com
empresárias, latifundiárias e policiais no seu falsificado dia de todas
as mulheres.
Cada vez mais as classes dominantes, através dos monopólios de
comunicação, se esforçam para transformar o 8 de março em mais uma data
comercial. Com suas manipulações e demagogias grosseiras de glorificar
"a importância da participação da mulher", na verdade estendem ainda
mais o manto da opressão feminina na tentativa de sua perpetuação.
A celebração do 8 de março se tornou uma das mais fortes tradições do
movimento popular, revolucionário e comunista em todo o mundo e um dos
mais importantes símbolos da luta de libertação da classe operária e de
todos os oprimidos da terra.
Uma data especial celebrando a luta de resistência da mulher proletária,
da mulher das classes oprimidas e exploradas em todo o mundo, foi
proposta por Clara Zetkin — dirigente do Partido Comunista da Alemanha e
da Internacional — na Conferência de Mulheres Socialistas realizada em
Copenhague (Dinamarca) em 1910.
As origens e a tradição
As duas versões mais conhecidas do fato histórico que teria levado as
militantes comunistas na Conferência de Mulheres Socialistas a eleger o
dia 8 de março como o Dia Internacional da Mulher Proletária são:
1"Uma manifestação espontânea — levada a
cabo por trabalhadoras do setor têxtil da cidade de Nova York, em
protesto contra os baixos salários, contra a jornada de trabalho de 12
horas e o aumento de tarefas não remuneradas — foi reprimida pela
polícia de uma forma brutal (8 de Março de 1857). Muitas jovens
trabalhadoras foram presas e algumas esmagadas pela multidão em fuga.
Cinquenta anos mais tarde, no aniversário dessa manifestação, esse dia é
declarado, em sua memória, o Dia Internacional da Mulher." (Temma Kaplan, On the socialist origins of International Women’s Day, Feminist studies 11, n.º 1, 1985, p. 163)
2"O Dia Internacional da Mulher
Trabalhadora é considerado como uma jornada de luta feminista em todo o
mundo em comemoração do dia 8 de Março de 1908, data em que as
trabalhadoras da fábrica têxtil ‘Cotton’, de Nova York, declararam greve
em protesto pelas condições insuportáveis de trabalho. Na sequência
disso, ocuparam a fábrica e o patrão prendeu-as lá dentro, fechou todas
as saídas, e incendiou a fábrica. Morreram queimadas as 129
trabalhadoras que estavam lá dentro." (Victória Sal, Dicionário ideológico feminista, 1981).
Outras referências históricas:
3 A primeira celebração do Dia Internacional da Mulher aconteceu a 19 de Março de 1911, na Áustria, Alemanha, Dinamarca e Suécia.
4Em 1914 o Dia Internacional da Mulher comemorou-se pela primeira vez a 8 de Março na Alemanha, Suécia e Rússia.
5 A 8 de Março de 1917, as mulheres
russas amotinaram-se devido à falta de alimentos, acontecimento este
fundamental para o início do movimento revolucionário que viria a
concretizar-se na chamada Revolução de Outubro, e que marcaria
definitivamente, até a atualidade, o dia 8 de Março como o Dia
Internacional da Mulher. (Informações: On the Socialist Origins of International Women’s Day retiradas de Ana Isabel Álvarez González (1999), Los orígenes y la celebración del Día Internacional de la Mujer, 1910-1945. KRK — Ediciones Oviedo.)
Todas essas informações fornecem alguns dados discrepantes, porém o que
há de comum nelas é o fato de se referirem a lutas operárias, marcando
claramente o caráter de classe do movimento 8 de março.
O artigo que publicamos na íntegra a seguir nos dá a dimensão do que
ocorria com o movimento operário no eldorado USA do início do século XX,
destacando-se a participação das mulheres, acrescentando dados
importantes ao histórico da origem do 8 de março.{mospagebreak}
As mulheres do incêndio da fábrica Triangle
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Edifício onde funcionava a fábrica Triangle |
Dia 25 de março de 1911: as costureiras da fábrica Triangle Shirtwaist
trabalhavam duro durante todo o longo dia. Estavam apinhadas, 500 delas,
nos três andares superiores do edifício Asch, com vista para o parque
Washington Square, Manhattan.
Centenas de costureiras, encolhidas de frio sobre máquinas de costura de
pedal, confeccionavam blusas para mulher, uma após outra. A luz de umas
poucas lâmpadas de gás lançava largas sombras pela galeria e era
necessário grande esforço para ver na semi-obscuridade. Montes de
retalhos de tecido cobriam o piso e no ar morto voavam nuvens de fios de
algodão.
As costureiras recebiam pagamento por peça; a mais rápida e mais
capacitada, a duras penas, ganhava 4 dólares por uma semana de seis ou
sete dias. Apenas dava para o aluguel de quartinhos nas vizinhanças
paupérrimas e quase não sobrava para a comida.
Muitas crianças tinham que deixar a escola e seguir seus pais à oficina.
No "canto dos meninos" da fábrica trabalhavam como "limpadores":
cortavam os fiozinhos das blusas amontoadas às centenas a seu redor.
Os capatazes andavam furtivamente, vigiando todo movimento das
trabalhadoras e cronometrando suas idas ao banheiro. Uma trabalhadora
contou que muitos capatazes compravam os recém inventados sapatos de
sola de borracha, e assim podiam aproximar-se às escondidas para espiar
as conversas das costureiras em italiano, iídiche e meia dezena de
idiomas mais.
Havia demissões por infrações leves e em especial por desconfiança de
ligação com a forte organização socialista dos guetos. Um letreiro
pregado no galpão dizia: "Se não vens no domingo, nem pense em regressar
na segunda".
Sem aviso, sem proteção
Ninguém sabe como se iniciou o incêndio na fábrica Triangle. Um ano antes, durante a grande greve chamada o Levantamento das vinte mil,
se advertiu que existia sério perigo de incêndio. Às 4:50 da manhã do
dia 25 de março, largas chamas amarelas se estenderam rapidamente pelo
oitavo andar, alimentadas pelos retalhos de tecido.
Em março de 1911 morreram 147 trabalhadores
Ouviu-se o grito de "fogo!" Pelos estreitos corredores,
entre as filas de mesas, trabalhadoras corriam em busca de uma saída
pelas escadas ou pequenos elevadores. Não havia nada à mão para combater
o incêndio. A única coisa que se podia fazer era avisar as demais e
tratar de fugir.
Jamais se havia feito um treinamento de salvamento de incêndio. Muito
poucas trabalhadoras sabiam que existia uma escada de incêndio que
descia por um estreito poço vertical no centro do edifício. Algumas
conseguiram descer apressadas pela escada principal, antes das chamas a
bloquearem. O elevador parou de funcionar.
Acima, o oitavo andar se tornou uma massa de chamas. Alguém conseguiu
avisar por telefone às trabalhadoras do décimo andar. A maioria teve
tempo de subir ao terraço. Os dois donos da fábrica, Harris e Blanck,
escaparam com elas.
No nono andar não houve aviso: as chamas irromperam por baixo das mesas
de trabalho; a fumaça encheu a galeria rapidamente. Mais tarde foram
descobertos esqueletos carbonizados encolhidos sobre as máquinas, quando
as chamas alcançaram suas roupas, subiram às mesas e aí morreram.
Foram encontrados montes de cadáveres espremidos próximos às portas de
saída. No nono andar os capatazes tinham fechado com chave a porta que
dava acesso a uma escada para que as trabalhadoras não saíssem para
descansar. Outras saídas não estavam trancadas, porém, abriam para
dentro e não era possível desunir as partes móveis com o peso de tanta
gente desesperada.
Algumas mulheres conseguiram descer pela escada de incêndio. As
primeiras que desceram pelo poço descobriram que a escada metálica não
chegava até o solo. Era uma armadilha sem saída, porém impossível de
voltar atrás. Pela implacável pressão e peso das mulheres às suas
costas, simplesmente caíam do último degrau. Depois foram encontrados
muitos cadáveres, lancetados pelas pontas de ferro de uma cerca.
Sob o peso das trabalhadoras, a escada quebrada foi derrubada.
Nas marquises
Muitas trabalhadoras não puderam alcançar qualquer saída e as chamas as
obrigaram a fugir das galerias. Pularam e caíram pelo poço do elevador —
foram encontrados pelo menos 20 cadáveres no fundo. Muitas tiveram que
sair pelas janelas: formaram uma fila indiana nas estreitas marquises,
olhando para a multidão na rua abaixo.
Os primeiros bombeiros com escadas, a Companhia 20, chegaram correndo
pela rua Mercer. A multidão gritava, com uma só voz: "Subam a escada!",
porém haviam subido ao máximo e só alcançavam o sexto andar. Da marquise
do nono andar uma garota agitava um pano. Uma chama começou a queimar a
barra de sua saia comprida. Saltou tentando agarrar-se ao topo da
escada, que ficava a cerca de 10 metros, porém foi inútil e caiu como um
cometa em chamas.
Os bombeiros usavam as mangueiras para proteger as pessoas agarradas nas
marquises; também foi inútil. Diante da multidão horrorizada, as chamas
forçavam mais e mais trabalhadoras para as marquises. Não cabiam mais e
as chamas alcançavam as que estavam mais perto das janelas.
Uma organizadora operária escreveu: "Ia pela Quinta Avenida no sábado à
tarde quando um enorme rolo de fumaça saiu de Washington Square e (...)
duas garotas que já tinha visto trabalhando na região se aproximaram de
mim correndo, chorando desesperadamente. Pálidas e tremendo, agarraram
meu braço. Ai! — gritou uma delas— Estão saltando!" Muitas costureiras,
companheiras de vida e trabalho, se abraçaram fortemente e saltaram
juntas. De nada serviram as redes dos bombeiros, pois o peso dos corpos
as rompeu, rachando a própria a calçada.
O Nova York World escreveu: "Homens e mulheres, garotos
e garotas, amontoados nas marquises, gritavam e saltavam ao espaço,
para a rua abaixo, com a roupa em chamas. Quando umas garotas saltaram,
seus cabelos voavam em chamas. O impacto no chão produzia um ruído
surdo." O cheiro de sangue e o terrível ruído surdo espantaram os
cavalos dos bombeiros. Se encabritaram nas patas traseiras com os olhos
esbugalhados. Os bombeiros amontoavam os cadáveres na rua Greene.
Sem atenção à vida e à segurança
O horror pareceu congelar a buliçosa cidade. Morreram 147 costureiras.
Rapidamente o nome da fábrica Triangle Shirtwaist percorreu o planeta.
Dor e determinação
Vi esse monte de cadáveres e recordei que essas garotas confeccionavam blusas e que em sua greve no ano anterior reclamaram condições de trabalho mais higiênicas e maiores medidas de segurança nas fábricas. Esses cadáveres deram a resposta.(Bill Shepherd, correspondente)
A manifestação/enterro
Se falasse em tom de paz, trairia esses pobres cadáveres carbonizados. Temos exortado o público e não recebemos resposta. A antiga Inquisição teve seus terríveis instrumentos de tortura. Sabemos o que são estes instrumentos hoje: nossas necessidades, o maquinário veloz de alta potência e as estruturas à prova de incêndios que nos destruirão quando pegar fogo.(Rose Schneiderman, líder operária na manifestação/enterro)
O levante das vinte mil
Ainda que muitos setores fossem sacudidos com o horror do incêndio, o
povo trabalhador de Nova Iorque já conhecia os perigos e o sofrimento
que vivia, e sabia que era possível evitar essas mortes.
Dois anos antes, em novembro de 1909, as mulheres da fábrica Triangle
Shirtwaist se uniram ao Levantamento das vinte mil, uma greve geral de
costureiras de 500 oficinas de Nova Iorque. Travaram a greve com
heroísmo e determinação. As trabalhadoras, em particular muitas jovens,
saíram das sombras e tomaram as ruas com demandas de dignidade, melhores
salários, jornadas mais curtas e o reconhecimento de seu sindicato. Em
muitas oficinas, entre elas a fábrica Triangle, pediram escadas de
incêndio e portas sem cadeado.
Depois de muitas semanas de dura greve, ganharam em algumas oficinas,
porém perderam em outras. Muitos capitalistas rechaçaram as negociações.
Os donos da Triangle, a maior fabricante de blusas femininas,
contrataram funcionários para furar a greve. Voltaram a trabalhar com um
acordo parcial, sem ganhar suas demandas de segurança.
Quando 147 mulheres morreram no incêndio, as massas responderam com dor e
maior consciência de classe. No dia 2 de abril se celebrou uma enorme
manifestação/enterro no Teatro Metropolitano da Ópera. Morris Rosenfeld,
"o poeta premiado da oficina e do bairro", declamou o seguinte poema:
Nem batalha nem vil pogromenche de dor esta grande cidade;nem treme o solo nem rasgam o céu os trovões,as nuvens não se escurecem e os canhões não rompem o silênciosomente o infernal incêndio engole estas jaulas de escravoe Mammon devora nossos filhos e filhas.Envoltos em chamas vermelhas, caem de suas garras para a mortee a morte os recebe a todos...neste dia de descansoquando uma avalanche de sangue vermelho e fogojorra do máximo deus do ouroassim como minhas lágrimas jorram caudalosas.Ao diabo os ricos!Ao diabo o sistema!Ao diabo o mundo!
A tempestade ensopou a multidão de centenas de milhares no dia do
enterro. Gente trabalhadora vestida de negro marchou pelas ruas com
senhoras sufragistas, com enorme quantidade de transeuntes e pessoas
solidárias nos passeios.
O jornal América comentou: "Quando a
manifestação chegou a Washington Square, ao ver o edifício Asch, as
mulheres romperam em pranto. Um longo e doloroso pranto, a união de
milhares de vozes, uma espécie de trovão humano numa tormenta
primordial, um lamento que era a expressão mais impressionante de dor
humana que jamais se tinha ouvido na cidade."
Os capitães da polícia mobilizaram suas forças, temerosos de perder o controle de Washington Square ou de toda a cidade.
O legado da Triangle
É um fato inconfundível que milhões de homens e mulheres dos Estados Unidos trabalham hoje em lugares que cada ano cobram vidas e saúde, tão inevitável e tão implacavelmente como mudam as estações do ano.(revista Solidarity, 1904)
Consideramos que a concentração de negócios, indústrias e comércios nas mãos de umas poucas pessoas é benéfica e essencial para o futuro da raça, e que é necessário acomodar grandes desigualdades de riqueza e propriedade.(Andrew Carnegie, dono da US Steel)
O incêndio provocou grande debate e luta na classe dominante. Muitos
donos de fábricas afirmavam que a "regulamentação governamental" era
antiamericana e inconstitucional. Poderosas forças da classe dominante
correram a proteger a si mesmas e ao sistema do enorme perigo que se
gestava nos guetos nova-iorquinos. As costureiras imigrantes de Nova
Iorque forjavam uma poderosa força consciente de classe contra a
brutalidade do sistema, com sua experiência em outros países e o
vigoroso trabalho de organização dos revolucionários e dos socialistas.
Começavam a impulsionar uma nova corrente revolucionária dentro da
classe operária estadunidense.
Fortes pressões empurraram os governos municipais, estaduais e federais a
fazer reformas. Comissões oficiais fizeram investigações (CPIs) sobre
as minas e as oficinas do país e a morte de milhares de trabalhadores, a
cada ano, na produção capitalista. O conselho municipal (câmara de
vereadores) de Nova Iorque e as câmaras de alguns estados aprovaram leis
de proteção e códigos de segurança, contrataram inspetores e
idealizaram novas técnicas para combater os incêndios.
Porém, a verdade é que depois do incêndio da Triangle o maquinário do
capitalismo seguiu moendo e espremendo desapiedadamente os
trabalhadores, apesar das reformas e das novas leis. Em três dias,
Harris e Blanck, os donos da Triangle, começaram de novo operações num
edifício da University Place. Rapidamente bloquearam a única escada de
incêndio com duas filas de máquinas de costura. Oito meses depois os
tribunais os absolveram de toda culpa no incêndio. Os meios de
comunicação capitalista lançaram a culpa numa trabalhadora que fumava,
sem apresentar nenhuma prova.
Desde 1911, o capitalismo seguiu expandindo-se como um câncer fora de
controle, penetrando e reestruturando a vida humana do planeta, com uma
praga de mortes industriais, envenenamentos, explosões, males pulmonares
e condições dantescas para os trabalhadores.
Nos últimos dez anos, o galopante crescimento dos novos enclaves de
fábricas gerou novos "massacres industriais" similares ao da Triangle.
Em 1991, 25 empacotadores de frango morreram queimados, atrás das portas
trancadas em Hamlet, Carolina do Norte, numa fábrica "moderna" sem
equipamentos de prevenção nem alarmes de incêndios. Em 1993, morreram
188 trabalhadores carbonizados espremidos atrás das portas fechadas a
cadeado na fábrica de brinquedos Kadar, na Tailândia. Em 31 de janeiro
de 2000 morreu o costureiro Bienvenido Hernández e ficaram feridos
vários outros companheiros em um incêndio num edifício de oito oficinas
na Rua 36 de Manhattam.
Hoje, o incêndio da fábrica Triangle segue sendo um exemplo contundente
da desalmada natureza do capitalismo, que não mudou nem um ápice no
último século.
Depois de ver o documentário da PBS sobre o incêndio da Triangle,
Sandra, uma costureira de Los Angeles, nos disse: "Isto que estamos
vendo ocorreu em 1911, agora estamos em 2000, e nada em absoluto mudou!
De fato, estamos mais ‘ferrados’! Hoje há maquinário e tecnologia
avançados e se supõe que o trabalhador deveria ter melhores condições de
trabalho. Depois do incêndio se lutou por melhores regulamentos e se
supõe que se deveria trabalhar em melhores condições, oito horas e
receber o salário mínimo. Se essas leis existem onde estão?" (RW, Nº
1045)
As costureiras da Triangle e suas companheiras de Nova Iorque deixaram
um poderoso legado de luta que se celebra cada ano. Em 1910, as
delegadas da Segunda Conferência Internacional de Mulheres Socialistas
em Copenhague proclamaram o 8 de março Dia Internacional da Mulher em
honra ao Levantamento das vinte mil e às trabalhadoras de Nova Iorque.
No ano do incêndio da Triangle se celebrou pela primeira vez o Dia
Internacional da Mulher nas ruas da Alemanha, Áustria, Dinamarca e
outros países.
Ao recordar as mulheres que tomaram as ruas no Levantamento e aquelas
que morreram na fábrica Triangle, Sandra diz: "Olha, é muito pesada a
corrente que nos prende hoje. A mulher sempre pensa em levar adiante a
família e sabe o que é lutar pelos outros. Ela vive sob a opressão de
gerações e sabe que sua filha seguirá o mesmo caminho, já está feito.
Quando a mulher luta pelo geral, luta com uma visão mais ampla, com mais
impulso, com uma forte motivação de que se unimos nossas lutas, a nossa
situação pode mudar. Isso é o que vimos no Levantamento das vinte mil.
Essa luta acendeu outra luta por maiores mudanças. Não lutavam por elas
mesmas, e sim por todos os pobres".
Em honra das lutadoras de nossa classe, em memória de nossos mortos no
incêndio da Triangle, as faixas do Dia Internacional da Mulher 2000
proclamam: Romper os grilhões! Desencadear a fúria da mulher como uma
força poderosa para a revolução!
"Rimos de alegria quando ouvimos essas palavras", diz Sandra.
Extraído de Revolutionary Worker, 2000
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