8 de março: dia internacional da mulher trabalhadora
As mulheres sustentam sobre seus ombros a metade do céu
e devem conquistá-lo"
Mao Tsetung
Mulheres advasi em Lalgarh: as herdeiras de Naxalbari
Por ocasião do dia internacional da mulher trabalhadora, publicamos
biografias de guerreiras operárias, camponesas, estudantes e filhas dos
povos tribais da Índia, que tombaram heroicamente em combate contra o
velho Estado. A guerra popular na Índia tem ocupado papel de destaque
na Revolução Proletária Mundial. Suas ações têm enchido de ânimo os
povos em luta por todo o mundo. Dirigidos pelo Partido Comunista da
Índia (maoísta), os combatentes do Exército Guerrilheiro Popular de
Libertação desferem rudes golpes no latifúndio, no imperialismo e na
grande burguesia no gigante país de mais de um bilhão de habitantes. As
mulheres ocupam postos de combate e de comando nessa guerra, e é a elas
que rendemos homenagem. Suas histórias foram extraídas da publicação Mulheres Mártires da Revolução Indiana (de Naxalbari a 2010).
As mártires de Naxalbari
Muitas mulheres foram mobilizadas na luta de Naxalbari (Bengala
Ocidental). Elas participaram de reuniões nas aldeias e das
manifestações.
Muitas vezes, famílias inteiras aderiram ao movimento. As mulheres
enfrentaram a polícia quando os homens tiveram que se refugiar e
mantiveram contato com os ativistas enquanto faziam o trabalho doméstico
e o trabalho no campo. Jovens ativistas aprenderam a fazer uso das
armas e expulsaram os agentes antipovo que molestavam as mulheres e
criaram núcleos de militantes.
Após o assassinato de Wangdi*, os homens tiveram que se refugiar nas
florestas. As mulheres tentaram organizar uma reunião em 25 de maio de
1967 em Prasadjote. A polícia abriu fogo contra a concentração matando
oito mulheres. Uma criança foi assassinada junto de sua mãe.
Dhaneshwari Singh, Sanamati Singh, Pulmati Singh e Surabala Barman,
mortas pelos disparos da polícia, eram oriundas da comunidade Rajbansi.
Dhaneshwari Singh era letrada e tornou-se uma das principais ativistas,
visitando aldeias distantes para realizar propaganda revolucionária.
Naganeshwari Mallick, que nasceu em uma comunidade Dhamal, em 1944
casou-se com um professor refugiado do Paquistão Oriental. Ela trabalhou
duro como meeira e coletava madeira nas florestas. Nayan foi morta
juntamente com seu filho, que carregava às suas costas. Samsai Saibani,
uma brava jovem tribal, era uma das principais organizadoras das
manifestações. Estas foram as primeiras mulheres mártires da luta de
Naxalbari.
* Sonam Wangdi era um inspetor de polícia. A polícia fazia
incursões diárias contra os povos tribais e camponeses que decidiram
resistir e não permitir mais as constantes ameaças. Wangdi foi morto a
flechadas por um grupo de camponeses de Naxalbari em 1967.
Panchadi Nirmala
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"A virgem Maria é louvada, mitos são lembrados, recebem tributos e
oferendas. Mas o nome Panchadi Nirmala lhes dá tremores". Assim escreveu
Mahakavi Sri Sri sobre Nirmala: a destemida comandante que fez as
classes reacionárias tremerem de medo.
O nome de Nirmala ao mesmo tempo simboliza o papel das mulheres no
movimento revolucionário e continua a mobilizar as jovens gerações para a
luta pelo socialismo e para o comunismo. É um nome que é conhecido
desde os anos de 1970 em Andhra Pradesh.
A camarada Nirmala nasceu em uma família de camponeses pobres, na aldeia
de Kavali de Palakonda Taluq, distrito de Srikakulam. Ela casou-se
muito jovem. Seu marido, o camarada Panchadi Krishnamurthy, militou no
Partido Comunista da Índia. Quando os revisionistas optaram por
chafurdar no caminho parlamentar, os revolucionários romperam com eles,
determinados em prosseguir com a luta armada. Krishnamurthy foi um
deles. Mais tarde ele se tornou um dos líderes do movimento em
Srikakulam.
Como seu companheiro, Nirmala provou ser uma excelente camarada.
Após se estabelecer na vila Boddapadu, ela imediatamente se ligou às
mulheres camponesas que se inspiraram com a sua presença. Ela se
deslocou de aldeia em aldeia para esclarecer o povo, não somente os
camponeses, até mesmo trabalhadores do setor de saúde.
O camarada Krishnamurthy tinha a responsabilidade de coordenar uma vasta
área e não podia permanecer por muito tempo em Boddapadu. Nirmala tomou
em suas mãos a tarefa de mobilizar as populações de sua área e das
planícies ao redor. As mulheres camponesas da área se ligaram
profundamente a ela. Nirmala se juntou à Tegimpu Sangam (Organização
Audácia), dirigida pela camarada Tamada Ganapathy na vila Boddapadu.
Ela se uniu aos jovens, homens e mulheres, membros dessa área, para se
prepararem fisicamente e resistir ao inimigo.
Ela desempenhou um papel central no combate a um senhor de terra da região, declarado inimigo do povo. Sob a liderança da Tegimpu Sangam as mulheres lutaram contra a exploração.
Ela atendeu prontamente ao chamado da luta de libertação dos camponeses e
aderiu a ela decididamente, com seu bebê nos braços. Uma dirigente
relatou como as mulheres vietnamitas tiveram que entregar seus filhos
aos cuidados de outras pessoas e Nirmala fez o mesmo. Enviou a criança
aos seus familiares. A sociedade feudal, patriarcal, coloca a
responsabilidade da educação das crianças apenas sobre a mãe. Mas
Nirmala quebrou os modelos feudais para cumprir seu papel na
transformação da sociedade.
O camarada Krishnamurthy foi morto pela polícia em um combate. Nirmala
ficou completamente furiosa e abalada. Ela foi aconselhada a se retirar e
passar um tempo com seu filho. Mas o martírio de seu companheiro
deu-lhe uma nova consciência e convicção. Ela não podia ficar a reboque
da luta. Dentro de pouco tempo ela se tornou comandante de esquadrão.
Sob sua liderança se deram heroicos combates.
Maddi Kamesh, um senhorio explorador e cruel da aldeia Garudabhadra,
havia roubado as terras de várias pessoas de forma ilegal e cometido
atrocidades contra os que se opunham a ele. Nirmala dirigiu um ataque
sobre a casa do latifundiário com 150 combatentes. Eles o aniquilaram,
distribuíram todos os seus bens e produtos entre os camponeses pobres.
Sara Appanna era um grande latifundiário no Banjari Yuvarajapuram, em
Tekkali Tehsil. Ele era um agiota que explorava as pessoas cruelmente.
Os camponeses que se opuseram a ele foram colocados na prisão e suas
famílias foram perseguidas. Duzentas pessoas sob a liderança de Nirmala o
aniquilaram e distribuíram suas terras e bens aos camponeses pobres.
Todas as notas promissórias com as quais ele oprimia os camponeses foram
queimadas.
Muitas outras ações se desenvolveram sob a sua direção. Em todas estas
lutas, ela mobilizou as massas e garantiu sua participação. Depois de
cada ação, ela fazia pronunciamentos explicando os seus motivos. Seu
nome inspirou muitos povos oprimidos a se juntarem aos esquadrões
revolucionários. Mulheres camponesas pobres também se uniram em grande
número a esses esquadrões.
Os latifundiários estavam apavorados. Ela parecia a encarnação da morte
para a reação. Mas os camponeses estavam muito felizes. A polícia
empalidecia à simples menção do seu nome e os reacionários queriam
matá-la a qualquer custo.
Em 22 de dezembro de 1969, um grupo do qual fazia parte Nirmala parou em
um vilarejo quando se dirigia a uma conferência do partido. Nas colinas
de Rangametia, a polícia cercou as camaradas Nirmala, Ankamma e
Saraswati, juntamente com os camaradas Panigrahi, Ramesh Chandra Sahu,
Tamada Chinababu e, após terríveis torturas, os assassinou.
A camarada Nirmala se manteve impávida enquanto o inimigo a torturava.
Sua coragem, valentia, iniciativa e sagacidade, empenhados na luta pela
libertação de seu povo, são um exemplo não só para as mulheres de
Andhra, mas de toda a Índia. Cada revolucionário indiano se considera um
herdeiro de Nirmala. Seu nome é o mais adotado pelas camaradas que
ingressam no movimento revolucionário. Muitos casais de companheiros
simpatizantes do partido tem dado seu nome às suas filhas.
O nome de Nirmala viverá para sempre no coração dos povos oprimidos e explorados da Índia.
Snehalatha Bommareddy
Data do martírio: 1977
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Snehalatha vivia descontente com a condição das mulheres,
relegadas às tarefas da cozinha, escravas da intolerância patriarcal.
Ela escreveu várias histórias e poemas sobre esta imposição vergonhosa e
desumana da velha sociedade e do Estado. Suas histórias tinham como
tema a discriminação sofrida pelas mulheres, a violência sexual e todo
tipo de violência contra as mulheres.
Ela mergulhou de cabeça na atividade revolucionária. Em 1973, quanto
tinha 25 anos, juntou-se à guerrilha camponesa. Enquanto lutava, também
atuava como professora para os membros de sua esquadra guerrilheira.
Assim seus companheiros passaram a respeitá-la e amá-la.
Ela participou de ações armadas contra latifundiários e representações do velho Estado.
Ela se uniu solidamente ao povo em Manukota, área do distrito de
Warangal, local onde trabalhou. Ela estudou com o povo, viveu com o
povo, trabalhou nos campos de arroz e arando a terra. Enfrentou a fome
junto com o povo e suportou a dura vida de uma guerrilha.
Um dia, sua esquadra foi se abrigar em um campo de sorgo, em Manukota,
Warangal, quando cerca de cinquenta policiais cercaram a área. A
comandante da esquadra deu ordens para que os combatentes se retirassem e
que dois membros se juntassem a ela para retardar a investida policial.
Os policiais abriram fogo e a comandante seguiu atirando continuamente
até que os membros do pelotão se retiraram.
Uma bala inimiga atingiu Snehalatha. Ela e os outros combatentes que
davam cobertura aos camaradas foram capturados e deu-se início a uma
atroz sessão de torturas. Eles foram amarrados às árvores e torturados
continuamente durante horas. Mas, apesar de toda brutalidade e
desumanidade, os policiais não extraíram nenhuma informação. Desarmados e
imobilizados, eles foram assassinados pela polícia. As folhas de sorgo
ficaram banhadas com o sangue e pareciam bandeiras vermelhas.
Combatendo os inimigos e morrendo de forma gloriosa, Snehalata se
imortalizou. Ela brilha como uma estrela vermelha no céu inspirando as
mulheres.
Ela inspirou muitas gerações jovens estudantes a se tornarem revolucionários, a serem estudiosos e brilhantes como ela.
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