CARGOS E SALÁRIOS
As
políticas salariais são realizadas através de plano de cargos e salários, o qual
normatiza internamente a promoção e a progressão das carreiras na empresa.
A
gestão de cargos e salários ocupa uma posição-chave no recrutamento e manutenção
dos recursos humanos das empresas, pois estas precisam propiciar um ambiente de
motivação e produtividade, eliminando as incoerências e distorções que possam
causar desequilíbrios salariais ou a insatisfação das pessoas
O
plano consiste em ajustar as necessidades estruturais das organizações e as
expectativas diversas dos trabalhadores, englobando em sua abordagem conceitual,
as etapas de elaboração, classificação, procedimento, vantagens e desvantagens,
fórmulas estatísticas e sua utilização prática em ambiente laboral.
IMPORTÂNCIA - ISONOMIA SALARIAL
Atualmente não há legislação trabalhista que trate especificamente da Gestão de
Cargos e Salários. No entanto, indiretamente, há princípios que acabam por
proteger o trabalhador de certas incoerências ou distorções que possam ocorrer
em suas remunerações.
O
art.461 da CLT dispõe sobre o princípio da isonomia salarial, onde os trabalhos
iguais merecem remunerações iguais, ou seja, os empregados que executam a mesma
função, com a mesma perfeição técnica e produtividade aos seus colegas de
trabalho, tem direito a equiparação salarial.
A
falta do plano de cargos e salários na empresa geralmente traz definições de
salários, promoções ou reconhecimentos sem uma adequada avaliação para este
reconhecimento.
Para evitar a equiparação salarial não basta ter cargos
nominalmente diferentes, é preciso que as funções e as responsabilidades sejam
distintas.
A
importância do plano de cargos e salários está justamente na possibilidade de se
garantir esta isonomia, através do exercício da avaliação da estrutura funcional
separando tarefas e responsabilidades que corresponderão a cada cargo,
atribuindo-lhes valores justos e coerentes.
→ Para maiores detalhes acesse o tópico
Paradigma - Equiparação Salarial.
OBJETIVOS
Dentre os vários objetivos a serem alcançados em um plano
de cargos e salários podemos citar:
1.
Proporcionar o equilíbrio de remuneração interna e externa;
2.
Buscar atrair e reter os recursos humanos que a organização necessita;
3.
Elaborar perfis de cargos condizentes com a estrutura da organização
preparados para uma evolução;
4.
Racionalizar a estrutura organizacional;
5.
Tornar clara a política de salários atendendo à legislação trabalhista;
6.
Estimular o autogerenciamento da carreira profissional;
7.
Equidade nos
interesses econômico-financeiros da organização com os interesses profissionais
e de qualidade de vida dos empregados;
8.
Estabelecer políticas e regras de remuneração proporcionando decisões
coerentes e fundamentadas;
9.
Definir responsabilidades e atribuições;
10. Possibilitar o
desenvolvimento de outros subsistemas de recursos humanos como, plano de
carreiras, treinamento, recrutamento e seleção.
QUADRO DE PESSOAL ORGANIZADO - REGISTRO NO MTB
O Tribunal Superior do Trabalho (TST) estabelece através
da Súmula nº 06 que o quadro de pessoal organizado em carreira só será válido
quando homologado pelo Ministério do Trabalho.
Súmula nº 06 na íntegra:
Nº 6 EQUIPARAÇÃO SALARIAL. ART. 461 DA CLT (redação do item VI alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 16.11.2010)I - Para os fins previstos no § 2º do art. 461 da CLT, só é válido o quadro de pessoal organizado em carreira quando homologado pelo Ministério do Trabalho, excluindo-se, apenas, dessa exigência o quadro de carreira das entidades de direito público da administração direta, autárquica e fundacional aprovado por ato administrativo da autoridade competente. (ex-Súmula nº 06 – alterada pela Res. 104/2000, DJ 20.12.2000)II - Para efeito de equiparação de salários em caso de trabalho igual, conta-se o tempo de serviço na função e não no emprego. (ex -Súmula nº 135 - RA 102/1982, DJ 11.10.1982 e DJ 15.10.1982)III - A equiparação salarial só é possível se o empregado e o paradigma exercerem a mesma função, desempenhando as mesmas tarefas, não importando se os cargos têm, ou não, a mesma denominação. (ex-OJ da SBDI-1 nº 328 - DJ 09.12.2003)IV - É desnecessário que, ao tempo da reclamação sobre equiparação salarial, reclamante e paradigma estejam a serviço do estabelecimento, desde que o pedido se relacione com situação pretérita. (ex-Súmula nº 22 - RA 57/1970, DO-GB 27.11.1970)V - A cessão de empregados não exclui a equiparação salarial, embora exercida a função em órgão governamental estranho à cedente, se esta responde pelos salários do paradigma e do reclamante. (ex-Súmula nº 111 - RA 102/1980, DJ 25.09.1980)VI - Presentes os pressupostos do art. 461 da CLT, é irrelevante a circunstância de que o desnível salarial tenha origem em decisão judicial que beneficiou o paradigma, exceto se decorrente de vantagem pessoal, de tese jurídica superada pela jurisprudência de Corte Superior ou, na hipótese de equiparação salarial em cadeia, suscitada em defesa, se o empregador produzir prova do alegado fato modificativo, impeditivo ou extintivo do direito à equiparação salarial em relação ao paradigma remoto. (Alteração dada Resolução TST 185 de 14.09.2012).VII - Desde que atendidos os requisitos do art. 461 da CLT, é possível a equiparação salarial de trabalho intelectual, que pode ser avaliado por sua perfeição técnica, cuja aferição terá critérios objetivos. (ex-OJ da SBDI-1 nº 298 - DJ 11.08.2003)VIII - É do empregador o ônus da prova do fato impeditivo, modificativo ou extintivo da equiparação salarial. (ex-Súmula nº 68 - RA 9/1977, DJ 11.02.1977)IX - Na ação de equiparação salarial, a prescrição é parcial e só alcança as diferenças salariais vencidas no período de 5 (cinco) anos que precedeu o ajuizamento. (ex-Súmula nº 274 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)X - O conceito de "mesma localidade" de que trata o art. 461 da CLT refere-se, em princípio, ao mesmo município, ou a municípios distintos que, comprovadamente, pertençam à mesma região metropolitana. (ex-OJ da SBDI-1 nº 252 - inserida em 13.03.2002).
REQUISITOS PARA HOMOLOGAÇÃO
Para fins de homologação junto ao Ministério do Trabalho, os quadros de carreira
deverão conter os seguintes requisitos:
-
Discriminação ocupacional de cada cargo, com denominação de carreiras e suas subdivisões;
-
Critérios de promoção alternadamente por merecimento e antiguidade;
-
Critérios de avaliação de desempate.
A
análise dos processos de pedidos de homologação de quadros de carreira ficará a
cargos das Seções de Relações do Trabalho que, após a verificação do cumprimento
dos requisitos estabelecidos acima, submeterão o processo à decisão do titular
da Delegacia Regional do Trabalho.
As
alterações do quadro de carreira posteriores deverão ser submetidas ao órgão
regional do Ministério do Trabalho e Emprego para análise e homologação. O
despacho homologatório do quadro de carreira e respectivas alterações deverá ser
publicado no Diário Oficial da União.
Nota: Os critérios adotados pela empresa não podem restringir o acesso do
empregado às promoções.
CONCEITOS GERAIS
Alguns conceitos gerais que envolvem a implantação de cargos e salários em uma
empresa:
-
Tarefa: é a unidade do trabalho que requer certa habilidade mental ou física para determinado fim.
-
Função: é um conjunto de tarefas e responsabilidades atribuídas a um cargo.
-
Cargo: é uma composição de funções ou atividades equivalentes em relação às tarefas a serem desempenhadas, o qual é definido estrategicamente na busca da eficiência da organização.
-
A diferença entre cargo e função é que o cargo é a posição que uma pessoa ocupa dentro de uma estrutura organizacional determinado estrategicamente e função é o conjunto de tarefas e responsabilidades que correspondem a este cargo.
-
Salário: é o pagamento em dinheiro como contraprestação ao trabalho, podendo ser fixo ou variável.
-
Remuneração: é tudo o que compõe os rendimentos, seja em dinheiro ou não, como contraprestação ao trabalho. O art. 457 da CLT menciona que “Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber.”
-
Análise de Cargos: é o estudo que se faz a partir das informações obtidas sobre as tarefas e as especificações exigidas para o cargo, seja através de formulários, entrevistas, observação no local de trabalho e etc., informações base para a descrição e especificação do cargo.
-
Descrição de Cargos: é a elaboração de um manual organizado contendo todos os cargos e as respectivas atividades e tarefas que constituem o conjunto de atribuições de cada cargo dentro da empresa.
-
Especificação de Cargos: é a descrição dos dados essenciais exigidos pelo cargo, o tipo e grau de requisitos básicos, as responsabilidades e desafios exigidos para o cargo.
-
Estrutura de Cargos: é a divisão dos cargos levando em consideração a pontuação obtida pela soma dos graus de incidência dos fatores de cada cargo. Parte-se do cargo com menor pontuação para o de maior número de pontos recebidos.
-
Classe Salarial: é o agrupamento dos cargos os quais correspondem a determinado nível salarial.
-
Faixa Salarial: é a diferença em valor entre o salário maior e o menor de cada classe salarial atribuídas a um determinado nível, visando a atração, o progresso e a retenção dos empregados.
-
Pesquisa Salarial: é o levantamento e análise dos dados salariais e de benefícios praticados por outras empresas que atuam na mesma área ou que possuem a mesma estrutura organizacional, buscando a coerência externa na implantação ou manutenção de um plano de cargos e salários.
-
Política Salarial: é o conjunto de normas, critérios e procedimentos para a administração do plano de cargos e salários, estabelecendo a política de remuneração abrangendo a movimentação, promoção, criação e reclassificação de funções.
CATEGORIA PROFISSIONAL DIFERENCIADA
Conforme dispõe o § 3º do
art. 511 da CLT, é aquela "que se forma dos empregados
que exercem profissões ou funções diferenciadas por força do estatuto
profissional especial ou em consequência de condições de vida singulares", a
qual, quando organizada e reconhecida como sindicato na forma da lei, detém
todas as prerrogativas sindicais.
Quando se fala em representatividade sindical, nada impede que a empresa celebre
instrumentos normativos com sindicatos de categorias diferenciadas, consoante
inteligência do parágrafo 3º do art. 511 da CLT.
Tal fato, entretanto, não tem o condão de abranger os outros empregados da
empresa, porquanto a regra geral é que o enquadramento sindical do empregado
seja determinado pela atividade preponderante da empresa.
O Reajuste Salarial é Baseado na Convenção do Sindicato Preponderante
Veja que nas súmulas abaixo, o TST procura garantir o princípio da ISONOMIA
salarial, ou seja, busca assegurar que as garantias aplicadas para um empregado
de categoria profissional predominante, também sejam aplicadas aos empregados de
categoria profissional diferenciada, assim como estabelece que o reajuste
previsto em norma coletiva, não prevalece frente ao reajuste mais benéfico
garantido pela política salarial adotado pela empresa.
Súmulas do TST:
Nº
374 - NORMA COLETIVA. CATEGORIA DIFERENCIADA. ABRANGÊNCIA (conversão da
Orientação Jurisprudencial nº 55 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e
25.04.2005. Empregado integrante de categoria profissional diferenciada não tem
o direito de haver de seu empregador vantagens previstas em instrumento coletivo
no qual a empresa não foi representada por órgão de classe de sua categoria.
Nº 375 - REAJUSTES SALARIAIS PREVISTOS EM NORMA COLETIVA. PREVALÊNCIA DA
LEGISLAÇÃO DE POLÍTICA SALARIAL (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 69
da SBDI-1 e da Orientação Jurisprudencial nº 40 da SBDI-2) - Res. 129/2005, DJ
20, 22 e 25.04.2005. Os reajustes salariais previstos em norma coletiva de
trabalho não prevalecem frente à legislação superveniente de política salarial.
Somente desta forma, poderá o empregador garantir o equilíbrio em relação ao
salário, benefícios e à remuneração de seu quadro de empregados, principalmente
para dar maior estabilidade à política de cargos e salários, o que, se diferente
fosse, causaria verdadeiras distorções ao que foi politicamente definido em
relação à prática aplicada, já que toda empresa é dotada de profissionais
diversos.
Exemplo
Vamos considerar que em uma empresa que atua no ramo
metalúrgico haja dois analistas (área administrativa) que realizam a mesma função,
mas com um diferencial, um é formado em Administração e o outro não. Se não for
adotado o reajuste da categoria preponderante para ambos, acabaria gerando
remunerações distintas aos analistas, um por não ter formação ainda
(representado pelo sindicato dos metalúrgicos – categoria predominante) e outro
por ser formado em administração (representado pela categoria diferenciada).
Ora, se a categoria predominante neste caso é a dos
metalúrgicos, ambos devem sofrer reajustes salariais definidos pelo sindicato
desta categoria, já que o trabalho de ambos, como empregados de uma mesma
empresa, proporciona-lhes condições de vida similares, com peculiaridades,
necessidades e reivindicações comuns.
Vale lembrar que o percentual de reajuste aplicado
igualmente a ambos não representa, necessariamente, que os mesmos possuem
salários iguais, já que a política de cargos e salários da empresa pode
contemplar que o empregado formado ou que tenha maior experiência, terá uma
maior remuneração.
Categoria Profissional Diferenciada com Salário Definido em Estatuto Próprio
Convém salientar que embora o salário do profissional
de categoria diferenciada seja reajustado com base na convenção do sindicato
predominante, havendo lei própria ou estatuto que estabeleça um piso salarial
mínimo, deve ser garantido ao empregado, o piso salarial mínimo estabelecido
pela categoria diferenciada.
Assim, o fato de a empresa adotar o reajuste
salarial estabelecido pela convenção do sindicato profissional predominante, não
a obsta de garantir o piso salarial mínimo ao empregado que exerça profissão ou
função que se destaca por força de estatuto profissional especial ou em
consequência de condições de vida singulares (categoria diferenciada).
Exemplo
Seria o caso de uma empresa metalúrgica que tem em
seu quadro de pessoal um advogado, pertencente a uma categoria profissional
diferenciada e que tem piso salarial mínimo garantido em estatuto ou lei
específica.
Neste caso, quando do reajuste da data-base, nada
impede que a empresa adote o reajuste salarial estabelecido pela convenção dos
metalúrgicos a este empregado, desde que garanta, no mínimo, o piso salarial
estabelecido pelo estatuto dos advogados.
É o caso, por exemplo da
Lei DF
3.568/2014 que estabeleceu um piso salarial ao advogado
empregado privado no âmbito do Distrito Federal nos seguintes termos:
I - R$ 2.000,00 mensais, para jornada de até 4 horas diárias ou 20 horas semanais;
II - R$ 3.000,00 mensais, em caso de dedicação exclusiva, para jornada de até 8 horas diárias ou 40 horas semanais.
Portaria 02/2006 do MTB e os citados no texto.
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