Mulher eleva participação no mercado, mas ainda tem menos carteira assinada
Em uma década, as mulheres aumentaram
sua participação no mercado de trabalho, mas passaram a ter ainda menos
carteira assinada do que os homens. Os dados são do estudo “Estatísticas
de Gênero”, divulgado nesta sexta-feira (31) pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística).
Com base nos dados do Censo, os
pesquisadores constataram que a diferença de carteira assinada entre os
sexos aumentou de 3,8 pontos percentuais, em 2000, para 6,7 pontos
percentuais, em 2010.
No Censo 2000, 36,5% dos homens com 16
anos ou mais estavam empregados com carteira. Dez anos anos depois,
passou a 46,5% (alta de dez pontos percentuais). Entre as mulheres, o
percentual passou de 32,7%, em 2000, para 39,8%, em 2010 (crescimento de
7,1 pontos).
A maior taxa de mulheres com carteira
foi registrada em Florianópolis (76%). Na outra ponta do ranking,
estavam Belém (51,2%) e São Luiz (52,3%).
Mais mulheres trabalhando
A pesquisa do IBGE mostra ainda que
houve aumento da participação feminina no mercado de trabalho. A taxa de
atividade entre as mulheres –indicador que considera as pessoas em
idade ativa empregadas ou que estão procurando trabalho– passou de
50,1%, em 2000, para 54,6%, em 2010.
A taxa de atividade dos homens caiu de
79,7% para 75,7%. Em uma década, o diferencial entre os gêneros diminuiu
de quase 30 pontos percentuais para 21 –saindo de 59,8% e chegando a
38,6%, segundo o pesquisador do IBGE André Simões.
De acordo com o IBGE, a redução de
quatro pontos percentuais na taxa de atividade dos homens está associada
com o aumento do número de inativos, isto é, das pessoas que nem
trabalham nem procuram emprego.
“O incremento da taxa de atividade das
mulheres reflete o processo de ampliação de sua participação no mercado
de trabalho. (…) Por outro lado, a redução de quatro pontos percentuais
na taxa de atividade [dos homens] está ligada ao crescimento inferior da
população economicamente ativa quando comparado com a população em
idade ativa, tendo como resultado um aumento da inatividade”, informou o
IBGE.
Em geral, houve avanço na porcentagem de
trabalhadores com carteira assinada (o chamado mercado formal), o que
garante direitos trabalhistas, como férias, 13º e FGTS.
No estudo por cor ou raça, observou-se
que as pessoas brancas (56,5%) eram maioria entre os trabalhadores
formais. Os negros representavam 42,6%. Já em relação aos grupos
etários, os maiores crescimentos foram observados entre os jovens
(homens e mulheres de 16 a 29 anos). O IBGE também destacou um aumento
entre as mulheres com 60 anos ou mais (6,5 pontos percentuais).
Divisão entre negros e brancos
Em 2010, o número de mulheres brancas
(58,4%) que possuem carteira assinada era 18,2 pontos percentuais maior
do que o de negras (40,2%). Dez anos antes, a diferença era de 30 pontos
percentuais entre mulheres brancas (66,3%) e negras (32,3%).
Já no recorte do trabalho doméstico, em
2000, a situação se invertia: 57% das trabalhadoras domésticas formais
são negras, e 42% são brancas. O mesmo ocorreu na pesquisa censitária
feita em 2000, quando 51,7% das trabalhadoras domésticas formais eram
negras, e 47,1% eram brancas.
A desigualdade racial era ainda mais
acentuada se consideradas as trabalhadoras domésticas que não possuem
carteira assinada: em 2010, 62,3% eram negras e 36,5% eram brancas. Já
em 2000, 56,2% eram negras, e 42,6% eram brancas. Os dados não
consideram mulheres que se declararam de cor ou raça amarela ou
indígena.
Rendimento
Na análise de rendimento por gênero, o
Censo Demográfico já havia mostrado que, em 2010, um terço (30,4%) das
mulheres de 16 anos ou mais não tinham nenhum rendimento, percentual
acima do observado para o total da população brasileira com 16 anos ou
mais (25,1%).
A pesquisa divulgada nesta sexta mostra
que, em uma década, a proporção de pessoas que recebiam até um salário
mínimo subiu de 19,8%, em 2000, para 29,8%, em 2010. Apenas entre as
mulheres, a proporção passou de 20,8% para 33,7%, sendo que a maioria
está localizada na região Nordeste.
De acordo com o IBGE, pouco mais da
metade (50,8%) das mulheres negras do Nordeste ganham até um salário
mínimo, assim como 59,3% das mulheres das áreas rurais dessa região.
Fonte: UOl.
Comentários
Postar um comentário