Fazenda propõe parcelar em 30 meses dívida de R$ 10 bilhões com FGTS
EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA
O Ministério da Fazenda apresentou proposta para pagar, em 30 meses,
uma dívida de R$ 10 bilhões com o FGTS. O valor se refere à multa
adicional de 10% criada em 2001 para cobrir dívida do fundo com
trabalhadores lesados por planos econômicos e que está engordando as
contas do Tesouro desde 2008.
Os valores recolhidos até aquele ano foram suficientes para cobrir as
despesas com o fundo referentes à correção de planos da década de 1980.
Mesmo assim, o governo manteve a multa adicional sobre demissões sem
justa causa, paga pelas empresas, mas deixou de fazer o repasse ao FGTS.
Além de quitar a dívida antiga, o governo prometeu que começará a transferir com mais rapidez o dinheiro que entrará daqui para frente.
A proposta será analisada pelo Conselho Curador do FGTS, que quer
adequar esses pagamentos ao seu orçamento plurianual 2015-2018, que
precisa ser aprovado até o fim deste mês.
A negociação para regularizar os repasses se deve à avaliação de que o
fundo, sem esse dinheiro, terá dificuldade para cumprir suas obrigações
financeiras nos próximos quatro anos, principalmente a partir do fim de
2016. Entre elas, está a destinação de recursos para investimento em
saneamento, infraestrutura e habitação.
A necessidade de mais recursos se deve aos dados ruins recentes do
mercado de trabalho. A abertura de vagas formais está no menor nível em
15 anos e a expectativa é que esses dados podem piorar nos próximos
anos.
A transferência dessa fonte de recursos, que em tese já deveria ter
sido extinta, compensa ainda atrasos no repasse, pelo Tesouro, de
dinheiro referente a outras despesas.
O governo deve, por exemplo, cerca de R$ 7 bilhões ao fundo referentes a
subsídios do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, que também
não estão em dia.
Neste caso, a negociação só será feita depois das eleições, quando também deve ser anunciada a terceira fase desse programa.
Até o fim do ano passado, essa dívida estava em R$ 5,2 bilhões. O valor
corresponde a 76% daquilo que deveria ter sido repassado no período que
vai de 2009 a 2013.
O FGTS é mais uma entidade que vem sofrendo os atrasos de pagamentos
para que Tesouro consiga melhorar os dados das contas públicas.
O caso do FGTS é particular, no entanto, por envolver a retenção de uma
multa criada para um propósito específico, já atendido, mas que ainda
assim continua a ser cobrada das empresas.
No ano passado, o Congresso chegou a aprovar projeto que acabava com a
cobrança adicional, mas a presidente Dilma vetou o texto.
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