Rombo na Previdência deve atingir R$ 55 bi no ano
O rombo nas contas da Previdência Social
neste ano será aproximadamente R$ 15 bilhões superior às estimativas
oficiais, chegando próximo de R$ 55 bilhões, de acordo com fontes do
próprio governo. Na avaliação de técnicos do governo, esse deficit
adicional será um dos fatores que devem impedir o cumprimento da meta
fiscal de 2014, equivalente a 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB).
A previsão oficial ainda é de um deficit
de R$ 40,1 bilhões na Previdência, projeção que consta na programação
de receitas e despesas do Orçamento. Até agora, o governo não reviu a
estimativa. Se tivesse feito isso, teria de promover um corte adicional
nas despesas do Orçamento para cumprir a meta. “A projeção está
mantida”, afirmou há duas semanas o secretário do Tesouro Nacional, Arno
Augustin.
A piora no deficit, porém, é esperada
por especialistas. Em 2013, o rombo chegou a R$ 51,2 bilhões. Neste ano,
sem nenhuma reforma no setor, esses especialistas alertam que não há
fundamento matemático para a previsão de melhora neste buraco. “O
cenário está mais para uma notícia ruim do que para uma notícia boa”,
disse uma fonte graduada do Ministério da Fazenda.
No primeiro semestre, o deficit do
Regime Geral da Previdência Social bateu em R$ 23,1 bilhões. O resultado
foi 14,3% menor do que o rombo registrado no mesmo período do ano
passado. Mas foi obtido, em parte, com a postergação do pagamento de R$
2,2 bilhões em precatórios, dívidas derivadas de decisões judiciais que
obrigam sua quitação pelo poder público.
Normalmente essa despesa é paga em
abril. Mas os precatórios previdenciários foram empurrados para a
contabilidade de outubro pelo Tesouro Nacional. Ou seja, o gasto que
ajudou a melhorar as contas públicas no primeiro semestre vai piorar o
superavit primário no segundo semestre. Além disso, como uma pressão
adicional em relação ao primeiro semestre, o INSS também pagará o 13º
salário aos aposentados e pensionistas entre agosto e dezembro.
Pagamentos adiados – Outro fator que
deve piorar as contas da Previdência Social é o ajuste que o Tesouro
Nacional está promovendo com o adiamento mensal nos pagamentos dos
benefícios. Esse represamento começou em dezembro do ano passado como
forma de melhorar o resultado fiscal de 2013 e garantir o cumprimento da
meta fiscal.
Com as projeções mais pessimistas para a
Previdência, a área técnica do governo já reconhece, internamente, que
dificilmente a meta de superavit primário será cumprida este ano. Ajudam
nessa avaliação também o cenário de incerteza com que se tem trabalhado
para o leilão da frequência 4G da telefonia celular.
Para os técnicos, nem mesmo a entrada
dos recursos extraordinários do programa de parcelamento de débitos
tributários (Refis) deve conseguir mudar esse quadro.
Fonte: Estadão.
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