Estagiária obtém vínculo de emprego
Por Beatriz Olivon | De São Paulo
A 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Minas Gerais
reconheceu vínculo de emprego entre uma estagiária de direito e um
escritório de advocacia de Belo Horizonte. Os magistrados levaram em
consideração o fato de ela ser bacharel. Porém, ainda sem a carteira da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A banca já recorreu da decisão no
próprio TRT.
A trabalhadora entrou no escritório como estagiária depois de concluir a
graduação. Em seu voto, o relator, juiz convocado Oswaldo Tadeu Barbosa
Guedes, entendeu que o Estatuto da Advocacia (Lei nº 8.906, de 1994)
permite o estágio profissional do bacharel em direito, mas não descarta o
vínculo de emprego. Para o julgador, o disposto no artigo 3º da Lei
Geral do Estágio (Lei nº 11.788, de 2008) não se aplica de forma
subsidiária ao bacharel de Direito. O artigo diz que o estágio "não cria
vínculo empregatício de qualquer natureza".
"O caso dos autos não se trata de estágio de estudante, e sim de
estágio de bacharel em direito, já graduado, o que afasta a aplicação do
aludido artigo, levando à inexorável conclusão de que o estágio do
bacharel é prestado em caráter profissional, ocorrendo, portanto, o
vínculo de emprego", afirma o relator na decisão.
Para o magistrado, os pressupostos da relação de emprego se fizeram
presentes no caso: a não eventualidade, a subordinação jurídica, a
pessoalidade e a onerosidade na prestação de serviços. De acordo com
ele, a situação é diferente da do estudante de direito, que ainda não
obteve o diploma. O bacharel, acrescenta, está numa "espécie de limbo
profissional", já que ainda não pode exercer a atividade de advogado,
embora já esteja diplomado.
Para Eduardo Moreira, sócio da área trabalhista do escritório Câmara
Dibe Almeida Advogados, o Estatuto da OAB não exclui a possibilidade de
vínculo de trabalho para o bacharel em direito que atua como estagiário.
"O Estatuto e a Lei do Estágio são normas distintas", afirmou,
acrescentando que não era comum ver ações de estagiários contra
escritórios. "Isso está mudando. No passado, os profissionais de direito
e estudantes temiam entrar com ações e ficar marcados no mercado. Mas
hoje, com maior número de bancas e de fraudes, há um aumento nas demanda
judiciais", afirma.
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